Nenhum homem existe que não tenha sentido, pelo menos uma vez, o irreprimível apelo da partida, aquele “místico estremecimento”, como lhe chama Melville, de “nem o navio nem nós podermos já ser vistos de terra”. Abençoados pelo tempo – essa ínfima parte da eternidade – consome-nos a urgência de tudo. E o lume da ânsia em que ardemos, iluminando-nos o caminho, queima-nos, calcina-nos. Saudamos as vastidões porque horizontes largos permitem a respiração da chama e a redenção de tão curtas vidas. Apolónio de Rodes sabia: “a viagem que leva os homens a zarpar acaba sempre por, irremediavelmente, chegar”.
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