Editorial Outubro
Os diamantes (não) são eternos
O Grupo dos 7 países mais industrializados do mundo (G7)
deverá anunciar por estes dias o embargo da importação de diamantes russo, em
mais um passo no combate às fontes de financiamento de Moscovo para a sua
guerra contra a Ucrânia.
A medida poderá transformar por completo a cadeia mundial de
fornecimento de diamantes, mas a sua implementação dependerá muito do
comportamento da Índia, cuja indústria de diamantes emprega milhões de pessoas
no corte e polimento de 90% dos diamantes do mundo.
A concretizar-se, o embargo começaria a 1 de Janeiro de
2024. Os G7, que representam 70% do consumo mundial, deixariam de aceitar
diamantes da Rússia, o principal produtor mundial de diamantes em bruto.
Ya'akov Almor, especialista no sector, reflecte sobre o
momento que se vive, e afirma: “A combinação de dois elementos aparentemente
separados – a guerra na Ucrânia e o aumento dos diamantes de laboratório – e
que podem ser enfrentados individualmente, irá provocar um ambiente altamente
tóxico, que ameaça da cabeça aos pés a saúde do comércio e indústria mundiais
de diamantes”.
Falando na Madrid Joya, Almor sublinha que o conflito na
Europa e os LGDs (lab-grown diamonds) são ameaças gigantescas. A Alrosa,
empresa diamantífera russa, é parcialmente estatal e gerida por gente próxima
de Putin, obtendo pelo menos 4 mil milhões de dólares por ano. Que certamente
estão a financiar a guerra. Isso poderá fazer com que os consumidores
ocidentais não queiram comprar jóias, com receio de que elas tenham diamantes
russos.
Isso poderia levar esses consumidores a preferirem peças com
LGDs. O que iria transformar-se numa tempestade perfeita para o sector.
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