Novo acordo ortográfico – idiota e completamente fútil. Pretende-se uma ‘unificação’ à qual os factos vão, necessária e melancolicamente, dizer não. Esta ânsia de acordo a todo o custo, de mais um acordo, descontados os casos dos que se perduram nele ou para darem nas vistas ou para fazerem umas viagens à custa do contribuinte, pode também ter que ver – quem sabe?– com a angústia de se ter perdido um império e o acordo passar a ser uma espécie de compensação. Anda muita gente à procura de um ‘quinto império’ qualquer. De resto, como já tenho observado, alguma da nossa esquerda anda transcendental, ocultista, irracionalista e bandarrista. E fútil. De tanto querer ser ‘imparcial’, acaba por aceitar o inaceitável. Em Portugal, hoje em dia, quase ninguém faz aquele esforço continuado, concentrado e articulado, que antigamente dava pelo nome de pensar. Hoje, as pessoas preferem dizer coisas giras, coisas que dão nas vistas. Quanto mais surpreendem ou ultrajam a razão razoável, melhor. E há sempre dois ou três intelectuais, com alguma responsabilidade, para darem corda a este relógio.
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