A caminho da “Genevaworld”?
Em 1991, liderado pelo então Grupo Vendôme (hoje Richemont,
o maior do mundo em termos de alta relojoaria), várias marcas de luxo, como a
Cartier, abandonaram a Feira de Basileia, queixando-se da falta de condições
para receber clientes e imprensa. Nascia o Salão Internacional de Alta
Relojoaria (SIHH, hoje Watches and Wonders), em Genebra.
O evento de Basileia, o maior do mundo para o sector
relojoeiro, teve as suas raízes em 1917. Em 2019, o maior grupo de relojoaria
do mundo, o Swatch Group, anunciou que abandonava este centenário certame,
queixando-se dos preços cobrados.
Tanto em 2020 como em 2021, as edições das feiras de
Basileia e Genebra foram canceladas, devido à pandemia. Mas, entretanto, o
maior grupo de luxo do mundo (LVMH), anunciava que algumas das suas marcas de
relógios saíam também de Basileia e mudavam-se para o salão de Genebra. A
machada final no certame ocorreu quando, em 2021, os quatro maiores
independentes – Rolex, Patek Philippe, Chopard e Chanel – também anunciaram que
se mudavam para Genebra, passando a fazer parte do Watches and Wonders.
O evento deste ano decorreu, como habitualmente, no parque
de exposições de Genebra, o Palexpo, com um recorde de 48 marcas. Mas, aproveitando
a presença na cidade de milhares de importadores, retalhistas, jornalistas,
influencers e consumidores finais, realizaram-se mais dois salões paralelos e,
nos hotéis, as suites estavam todas reservadas e transformadas em show rooms de
relojoaria e joalharia. Num total que se estima em 200 marcas.
O que torna definitivamente Genebra no centro do sector. Morta
e enterrada a Baselworld, como será o futuro? O Watches and Wonders não poderá
crescer muito mais, sob pena de seguir um caminho trilhado pela feira de
Basileia e deixar de ter condições de exclusividade.
Reunir todas as restantes marcas num segundo certame, uma
espécie de “Genebraworld”, poderia ser a solução, em datas não coincidentes,
mas ligadas. Isso permitiria ao mundo viajar uma vez por ano até à Suíça e em,
digamos, duas semanas, informar-se sobre as novidades, fazer as suas
encomendas.
Mesmo com uma “Genebraworld”, será que o Swatch Group voltaria? Depois de uma edição de um salão próprio, em Zurique, a iniciativa não teve continuidade, e a pandemia não ajudou. Deixando enigmaticamente o maior grupo industrial do sector sem, aparentemente, estratégia de comunicação coordenada para as suas marcas (que vão de Breguet a flick-flack, passando por Omega, Longines ou Tissot). Estranho.
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