sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Meditações - Cronos e Kairós

Quarta, 21 Dezembro 2022 15:38

A marcha implacável do relógio avisa: o correr do tempo já nos levou até o fim de mais um ano. O de 2022 exigiu de nós a habilidade de transformar dias difíceis em marcas de superação. Neste ano, tornaram-se recursos valiosos a resiliência e a tolerância; em paralelo, tudo aquilo que experienciamos nos fez crescer e aprender com as diferenças. 

Neste ciclo natalino, lembramos o quanto tudo aquilo que experienciamos em 2022 nos fez crescer e aprender com as diferenças. (Foto: Design/UFC Informa)

Ainda sobre o tempo, um ano não bissexto reserva-nos um total de 365 dias, preenchidos por 8.760 horas, 525.600 minutos ou 31.536.000 segundos. Logicamente, uma parte significativa desses dias será pesada, às vezes repleta de acontecimentos distantes de nossas expectativas. É nisso que reside o encanto. A cada virada de ano, é possível renovar em nosso íntimo a capacidade de enxergar a beleza dos recomeços. De ver os dias que se avizinham como um horizonte de possibilidades, a iluminar dentro de nós e ao nosso redor. 

Na Antiguidade clássica, os povos helênicos viam o tempo de duas formas. Cronos (um dos titãs da mitologia grega e personificação do tempo cronológico e físico) era o tempo metódico, calculado, subordinado aos ponteiros do relógio. Já Kairós (deus do tempo oportuno, no mesmo panteão mitológico) representava o momento vivido, especial, aquele em que a alegria instantânea supera a imposição dos relógios e calendários. Vivamos Kairós! 

Independentemente de religião, a mensagem a ser apreendida é de que o tempo passará, queiramos ou não, aproveitemos ou não. Cabe-nos, então, pedir a Deus, ao universo ou a qualquer outra divindade de nossa crença que o ano vindouro se converta em uma chance de recomeçar e transbordar amor e paz. 

O ciclo conclusivo do ano é pleno do sentimento de tornar a nascer, tão caro àqueles que compreendem a beleza do tempo (especialmente do novo). (Re)Nasceremos muitas vezes ao longo da vida. É o que nos ensina o Menino Jesus, de Nazaré, migrante e nascido na privação, em um simples estábulo, depois de seus pais receberem vários "nãos" dos abrigos ao longo do caminho. Podemos escolher concentrar o olhar em cada porta que se fecha ou, diante dela, no universo inteiro que se abre. 

Que o espírito natalino preencha nossos corações de solidariedade e gentileza. Que o amor e a união sejam combustíveis para operarmos na melhora do mundo, neste e em todos os anos.

Prof. José Cândido Lustosa Bittencourt de Albuquerque

Reitor

Prof. José Glauco Lobo Filho

Vice-Reitor

Universidade Federal do Ceará

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