domingo, 27 de março de 2022

Há 100 anos - Gago Coutinho e Sacadura Cabral atravessavam pelo ar o Atlântico Sul, usando cronómetros, "como a bordo de navios"

Celebra-se este ano o primeiro centenário da travessia aérea do Atlântico Sul, realizada pelos aeronautas portugueses Sacadura Cabral (1881-1924) e Gago Coutinho (1869-1959), que se iniciou a 30 de Março de 1922, em Lisboa, a bordo do hidroavião Lusitânia, rumo às Canárias.

A viagem Lisboa - Rio de Janeiro, numa extensão aproximada de 4.350 milhas náuticas, foi programada para durar cerca de uma semana, mas vários problemas mecânicos e incidências meteorológicas, prolongaram-na por 79 dias, totalizando 62h26 de voo, a uma velocidade média de 117Km/hora.

Tratou-se de um grande feito, pois a viagem decorreu praticamente sempre sobre o mar, e pela primeira vez foram empregues na navegação aérea os processos de determinação de posições sucessivas, usados na navegação marítima.

Utilizou-se para o efeito, além da bússola, cartas náuticas e tábuas de logaritmos, bem como o sextante português, que com o auxílio de uma bolha de ar, dá a altura do sol por meio de um horizonte artificial.

Do ponto de vista relojoeiro, é o próprio Gago Coutinho que nos esclarece, no relatório da viagem, apresentado no ano seguinte: “Na navegação astronómica empregou-se, como a bordo dos navios, um cronómetro médio, que dá a hora de Greenwich; e levávamos também um bom contador médio. Na previsão de observações astronómicas de noite, tínhamos mais um cronómetro regulado para o tempo sideral de Greenwich” (citado em História do Tempo em Portugal). Fomos aos nossos arquivos procurar fotos e textos sobre esta expedição.

Na Doca do Bom Sucesso, em Lisboa



Ilustração Portuguesa de 31 de Março de 1922





Artigo na Ilustração Portuguesa de 8 de Abril de 1922, assinado por João Pina de Morais



Gago Coutinho Sacadura Cabral e outro pioneiro da aviação, o brasileiro Santos Dumont, em 1922, em Lisboa



Ilustração Portuguesa de 20 de Maio de 1922


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