(arquivo Fernando Correia de Oliveira)
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022
Vinte anos de actividade freelance
A 28 de Fevereiro de 2002 o PÚBLICO emitia uma Declaração onde se dizia que tinha sido o jornal a tomar a iniciativa de cessassão por mútuo acordo do contrato que mantinha connosco desde 1 de Janeiro de 1992.
Dávamos então início a uma carreira de jornalista freelancer e de reforço na investigação na área do Tempo.
Como costumamos dizer - "O entrar no PÚBLICO foi das melhores coisas que nos aconteceram. E o sair também..." Mas, nessa altura, ainda não tínhamos isso tão claro.
Meditações - a geological clock
The future is one of place
devoid of race.
A jawbone under a sock
is a geological clock.
The plunking of rain
on the termite-riddled windowpane:
reading a Bible on that ledge
is a tiny college.
A Galápagos tortoise is killed
(or, simply, unwilled).
The Ebola virus weeps, or retires,
because, like us, it tires.
Meanwhile, below the subbasement,
a Suede Revolution:
the phlegmatic skill of the cryptographer
soixante-huitards the teleprompter.
The id in facsimile
is suspended on a leash,
twisting in the rain
above that goddammed windowpane.
Being is slightly corrupted
by the Thinking that’s one-upped it
(like the pun on pain)
and will never love again.
Brian Kim Stefans
domingo, 27 de fevereiro de 2022
Meditações - the clock that tells the time
When I do count the clock that tells the time,
And see the brave day sunk in hideous night;
When I behold the violet past prime,
And sable curls all silver’d o’er with white;
When lofty trees I see barren of leaves
Which erst from heat did canopy the herd,
And summer’s green all girded up in sheaves
Borne on the bier with white and bristly beard,
Then of thy beauty do I question make,
That thou among the wastes of time must go,
Since sweets and beauties do themselves forsake
And die as fast as they see others grow;
And nothing ‘gainst
Time’s scythe can make defence
Save breed, to
brave him when he takes thee hence.
William Shakespeare, Sonnet 12: When I do count the clock that tells the time
sábado, 26 de fevereiro de 2022
Há 200 anos - assalto violento no Terreiro do Paço, com roubo de relógio de repetição
in Diário do Governo, n.º 48, de 26/02/1822 (arquivo Fernando Correia de Oliveira)
Este António José Cabral de Melo Pinto, Corregedor da Comarca de Beja, iria escrever uma carta ao cunhado, o padre João Cardoso de Almeida, relatando o assalto e dando-lhe conta do consequente falecimento da sua mulher e irmã do religioso.
Lxa 4a feira de Sinza de 1822
Hoje que recobro os sentidos mais alguma cousa, e que me deixam escrever algumas poucas letras, apezar de considerar pouco todo o tempo para dar graças ao Céo por me condenar a vida ahinda para enparo de teos innocentes sobrinhos e de me dizerem que já te escreverão. julgo do meu dever aprezentar-te hua ligeira idea do tragico acontecimento que sofri, e tua infeliz Irma na prezenca de seos filhos no meio de sentinellas ao lado de hua goarda principal e no terreiro do Paco ahonde paceavam mais de 100 pessoas pelas 7 horas da noute do memoravel dia 15 do Corrente Em suma, porque eu nem posso mais dipois de me tirarem o dinheiro em prata que levava, hua volsa com ouro, hum Relogio de reptiçom com sinetes, e grilhons levei 3 punhalladas e tua Irmãa 2, sendo cauza os gritos que ella deu quando vio lancar-lhe a mam ao pescoco para Retirar os aljofres que levava. Eu fiquei sem sentidos, nam senti que me fericem sendo tudo feito momentaneamente sem estrepito e como pessoas limpas que estavam conversando. Eu estou de cama porque hua ferida no braco esquerdo que me livrou o Coraçam he grave e só hontem soube da morte disgrasada de minha infeliz consorte pois que os meos amigos nunca mais me deixaram chegar a ella nem a vella. Todos os nossos patricios absolutamente fallando incluindo mesmo o Barom de Mollellos, e Pais de Mangualde Anadias etc me tem feito, e fizeram logo os mais devedos devedos obsequeos. Nem fallo nos do Serpa e Senhora que jámais me esqueceram mas de que me servem disgrasado de mim!! que fatalidade ou que providencia!! ouco que te escreveram logo por Santa Comba dão; e no mesmo dia 15 de tarde nos tinhamos escripto antes de sahir para difrentes partes supoem-te por hum momento nas mesmas tristes circonstancias e nada mais te digo nem tenho forcas para isso.
Teu Mano leal amigo Antonio Jose Cabral
Recomendame a Sua Excellencia O criado que levava os piquenos pela mam, quando quis acuidir, e outros no mesmo momento foram embaraçados e detidos por dous indeviduos difrentes dos agressores, donde se conclue que tudo foi estudado e premeditado. Nos tinhamos estado naquelle dia e [...] na Estallage dos Camillos com tencom de mudarmos para aqui (caza do Serpa) no dia seguinte dipois de arranjados os piquenos no Collegio e comprado tudo.
lido aqui
Meditações - The movie tells what time it is
Eclogue in Line to View The Clock by Christian Marclay
Okay, but now imagine someone,
one of fifty, say, in the queue, fiftieth first
and advancing little, somewhere within
the seventy-two-hour window of efficacy
for post-exposure prophylaxis, and, later,
in the screening room watching The Clock
with the few dozen others in rows behind and ahead
who had waited too. He knows he has to
but he hasn’t yet. We pick it up there.
It is two thousand eleven a few more days.
The movie tells what time it is.
In poetry too we all face forward.
Brian Blanchfield, "Eclogue in Line to View The Clock
by Christian Marclay" from A Several World. Copyright © 2014 by Brian
Blanchfield. Reprinted by permission of
Nightboat Books.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022
Meditações - my hour is past
Clock
In the warm air of the ceiling the footlights of dreams are
illuminated.
The white walls
have curved. The burdened chest breathes confused words. In the mirror, the
wind from the south spins,
carrying
leaves and feathers. The window is blocked. The heart is
almost extinguished among the
already cold ashes of the moon — the hands
are without shelter — as all the trees lying
down. In the wind from the desert the needles bend and my hour is past.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022
Meditações - The clock in literature
“Would you mind
If I headed up early?”
Says the husband
To his young wife.
“Follow when you like.”
Later that evening
The beautiful face
And exquisite limbs
Will rise from the table
Of the Southern inn
Having been spied
By the antihero
Across the room
Reading an indifferent book.
Oh, quick —
Let a storm kill the light!
But you might as well say it
To a wall.
We can’t change
A single
Silver setting, or
Even by one day
Reduce
The bright full moon.
The clock in literature
Holds that moon.
“I know I can’t say
A single thing to stop you,”
Says the old man at table
To the suddenly risen girl.
“But sleep on it, will you?”
Not now —
Not ever.
The clock in literature
Holds the ancient rune.
“I wonder if I might
Have a word with you,”
Says the antihero
To the lissome
Dark-eyed angel.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
Meditações - relógios e emoções
Les montres donnent l'heure. L'art Horloger donne l'émotion...
Philippe Sitbon, Presidente da International Federation of Quantum Economy
terça-feira, 22 de fevereiro de 2022
Meditações - pontualidades...
To be early is to be on time, to be on time is to be late, to be late is to be forgotten.
Elin Hilderbrand, in A Summer Affair
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022
Meditações - onde os relógios estão parados
Como na fábula do Capitão Gancho, o sertão é um mundo mágico — um mundo onde os relógios estão parados.
domingo, 20 de fevereiro de 2022
Monstro marinho encontrado entre Arrábida e Sesimbra, vendido a relojoeiro espanhol
No Arquivo Distrital de Setúbal:
Nota dando conta de um monstro marinho, morto a tiro no sítio chamado mar da Nicha, entre a Arrábida e Sesimbra, assim como da sua venda a um espanhol chamado D. Manuel, relojoeiro em Setúbal, do seu embalsamamento e envio para Lisboa. (1817?)
Meditações - vida como um relógio
Passo agora uma existência soberanamente monótona, uma vida marcada a relógio, mecânica e automática, como de uma máquina, oscilando indefinidamente, sem variantes, de casa para a Escola e da Escola para a casa — (...) Acredito porém que isto não durará, não dou para a vida sedentária, tenho alguma coisa de árabe — já vivo a idealizar uma vida mais movimentada, numa comissão qualquer arriscada, aí por esses sertões desertos e vastos da nossa terra, distraindo-me na convivência simples e feliz do bugre.
Euclides da Cunha, carta escrita a