Coisas do Arquivo Ephemera, no seu Núcleo do Tempo. De capa dura e com 122 páginas, é a primeira agenda escolar produzida no país, segundo afiança o seu promotor, na nota introdutória. Inspirada num modelo belga, produzido em Lovaina, também esta é dirigida à juventude católica.
O autor da iniciativa é Nicolau Firmino, figura curiosa e pouco ou nada estudada no universo do Estado Novo. Na Torre do Tombo, no Arquivo Oliveira Salazar, existe abundante correspondência e outro material que Nicolau Firmino remeteu ao líder do regime que, iniciado em Maio de 1926, vigorou até Abril de 1974. Algum do conteúdo desse espólio, que inclui material referente a Humberto Delgado, por exemplo, pode ser consultado online, aqui.
A Agenda Académica para 1939 é produzida no auge da força do Estado Novo, que em 1933 tinha reformulado a super-estrutura do país, com uma nova Constituição, e que se preparava para realizar em Lisboa a maior operação de propaganda do Estado Novo - a Exposição do Mundo Português. em 1940, durante a II Guerra Mundial (1939 - 1945).
Nicolau Firmino foi latinista e tradutor. Publicou mais de 60 títulos, entre eles traduções de Eneida, Virgílio e A Germânia, de Tácito, destacando-se também por lecionar português e latim. Foi colaborador da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e agraciado pelo governo brasileiro com o grau de Oficial da Ordem do Cruzeiro do Sul e com a Medalha de Ouro da Universidade da Guanabara.
Católico, antigo seminarista, nacionalista, Nicolau Firmino nasceu em 1907, em Aldeia de São Francisco de Assis, Covilhã. Residiu em Lisboa, onde foi proprietário da Livraria e Papelaria Académica de D. Filipa, e onde faleceu, em 2001, aos 94 anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário