No Núcleo do Tempo do Arquivo Ephemera há um exemplar do que julgamos ser o primeiro do seu género e único número do Almanaque das Damas, referente ao ano de 1857 e, aparentemente, coordenado por Júlio Cesar Machado (1835 - 1890), jornalista, escritor e olisipógrafo.
Diz ele na Introdução: "Eu estremeço sempre de profundo susto quando deparo com uma poesia de almanaque. Há um enxame de poetas de folhinhas e reportórios que assentaram bandeiras neste campo ceifado da literatura rasa, e que nem Deus consegue fazê-los desalojar. [...] O que digo dos poetas de Almanaques não se entende com os talentos de excepção que honram às vezes com as suas assinaturas as páginas dum livro deste género. Diz unicamente respeito aos miniestreis espavoridos que acham as portas fechadas em todo o reino jornalístico, e que, fazendo da necessidade virtude, desprezam a imprensa periódica para se atirarem em plena, mas desastrosa maré, ao Oceano Almanáquico. Falo dos poetas das mariposas, e do meu Tejo de cristal, dos vates de aniversário natalício e de quadras à maneira de viva a bela criadagem".
Este Almanaque das Damas procura fugir aos escritos típicos desta
época dirigidos ao público feminino, como se afirma na apresentação não assinada, A Quem Ler: “Longe de nós a ideia de
estampar nas breves páginas d’este livrinho, dedicado exclusivamente ao belo
sexo, e primeiro ensaio deste género em Portugal, artigos prenhes de erudição
[...], e dotados d’uma lógica cerrada e enfadonha, que promova abrimentos de
boca às nossas belas [...].”
Júlio César Machado
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