quarta-feira, 3 de março de 2021

Relógios & Canetas online Março - a relojoaria e a economia fractal

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Editorial

A economia fractal e a relojoaria

Fernando Correia de Oliveira

A relojoaria suíça precisa urgentemente de se reinventar, sob pena de desaparecer face à concorrência da China. O vaticínio é feito por Xavier Comtesse, economista e matemático genebrino, que antecipa um futuro com uma economia de tipo novo, composta por relocalizações e circuitos curtos.

Em entrevista recente, Comtesse fala dos efeitos da pandemia Covid-19 à escala global e diz: “Os chineses continuam a ser consumidores de produtos ocidentais, mas vão deixar de o ser, vão procurar cada vez mais produtos Made in China. Também encontramos essa tendência de vontade de consumo local na Europa”.

Há cada vez mais marcas chinesas no mercado do luxo, nomeadamente em relojoaria. “Elas dominam a tecnologia, o que lhes permite fabricar relógios tão complexos como os suíços. Por agora, falta-lhes apenas a imagem de qualidade”, diz Comtesse.

Depois, fala daquilo que apelida de “economia fractal”. Conceito matemático, o fractal pode traduzir-se como uma espécie de matrioskas, respeitando a coisas idênticas, mas em diferentes escalas e tamanhos.

A economia fractal é composta por três aspectos-chave:

“Primeiramente, a aplicação ao nível local de tecnologias desenvolvidas globalmente. É o caso das impressoras 3D, cujas aplicações permitem criar em pequena escala tecnologias avançadas. Depois, a cadeia de valor será mais curta. Muitos objectos que hoje compramos são produtos montados numa dezena de países diferentes, mas no futuro uma boa parte dessa produção será localizada. Por fim, a economia fractal comporta a noção de econ0omia circular e de reciclagem. A ideia geral será de produzir localmente e em séries mais reduzidas. O modelo económico do ‘glocal’ vai substituir a era do digital”.

Para Comtesse, o conceito de presencial morreu em 2020. Num mundo pós-pandémico, haverá o aumento do ensino à distância, do teletrabalho, da telemedicina e dos webinars. As novas ferramentas digitais explodiram com os confinamentos e a necessidade do encontro físico foi suprimido. Todos os novos hábitos irão permanecer. A curto prazo, a economia será mista, entre o presencial (economia vertical) e o digital (economia horizontal). Mas, num futuro mais próximo do que muitos pensam, a digitalização dará lugar ao fractal.

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