quinta-feira, 25 de março de 2021

Meditações - procurar amor no fundo dos relógios

Demoro-me neste país indeciso

que ainda procura o amor

no fundo dos relógios,

que se abre

como se abrisse os poros solitários

para que neles caiam ossos, vidros, pão.

Demoro-me

no ventre desta cidade

que nenhum navio abandonou

porque lhe faltou a água para a partida,

como por vezes desaparece a estrada

que nos conduz aos lugares

e ali temos que ficar.


Filipa Leal

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