quarta-feira, 1 de julho de 2020

Relógios online Julho - o fim de uma era (romântica)


O fim de uma era (romântica)

A primeira vez que falei com ele, há uns 25 anos, em plena Baselworld, quando soube que vinha de Portugal, disparou: “Mes hommages au General Spínola”, esperando que eu, no regresso, falasse ao homem do monóculo e do pingalim deste outro oficial general do sui generis exército suíço com quem tinha partilhado exercícios militares tempos antes.

Já nessa altura Walter von Känel era uma lenda no sector. Agora, 51 anos após ter entrado na Longines Watch Co. Francillon Ltd., dos quais 32 como CEO da marca do Swatch Group, deixa-a com um volume de negócios de 1,6 mil milhões de francos (praticamente o mesmo em euros), fazendo dela a quarta mais importante marca de relógios suíços.

O mais antigo CEO das marcas do Swatch Group, Walter von Känel, deixa a direcção executiva da Longines, onde entrou em 1969 e que dirigia desde 1988, mas fica como seu Presidente Honorário. No seu lugar passa a estar Matthias Breschan, até agora CEO da Rado.

Outro dos mais antigos CEOs do grupo, François Thiébaud, que dirigia a Tissot desde 1996, deixa igualmente a direcção executiva da marca e passa a Chairman of the Board of Directors da mesma marca. Sylvain Dolla, que estava na Hamilton, passa a CEO da Tissot Raynald Aeschlimann, Presidente e CEO da Omega e membro do Extended Group Management Board, ascende ao Executive Group Management Board do Swatch Group.

A Hamilton passa a ser dirigida por Vivian Stauffer, até agora sua responsável de Vendas.

Adrian Bosshard, até agora CEO da Certina e da Union, passa a CEO da Rado. Na Certina, será substituído por Marc Aellen, até agora responsável de Vendas na Jaquet Droz. Franz Linder, além de CEO da Mido, assume ainda a direcção da Union.

Pode-se dizer que, com a saída de von Känel e de Thiébaud, desaparecem os últimos quadros históricos que acompanharam Nicolas G. Hayek (1928 – 2010) na construção do maior grupo de relojoaria do mundo.

Voltando a von Känel: mantivemos com ele um sempre divertido relacionamento, que culminou com o apoio que deu, em 2010, ao livro O Relógio da República. A obra acompanhou uma edição especial Longines para Portugal, assinalando o Centenário da República.

Nesse relacionamento, ajudou, e muito, o motorista de von Känel, o barranquenho Artur Gavinas. Confidente do Presidente, fiel depositário de desabafos, o Artur foi durante décadas o “senhor das chaves” (de todas), das instalações de Les Longines, o vale onde a marca está instalada desde a sua fundação, em 1832. Apesar da proximidade, Artur nunca nos disse mais do que poderia dizer. Mas ia deixando cair, quando nos cruzávamos pelos atarefados corredores de Basileia: “Olhe que ele gosta muito de si!”.

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