domingo, 31 de maio de 2020
Editorial Relógios & Canetas online Junho - Nada será como dantes
Nada será como dantes
Na última década, a riqueza mundial e a população considerada rica aumentaram mais de 50 por cento e o número de milionários duplicou entre 2005 e 2019, para mais de 25 milhões de indivíduos. Mas a crise de saúde pública colocou tudo em questão e até mesmo os hábitos de consumo desta franja não estão agora assegurados – menos viagens, menos viagens para sítios com muita gente, menos compras nos aeroportos…
Só a digitalização dos processos poderá salvar a cadeia de Luxo a nível global. E apenas os mais fortes estão minimamente preparados para se adaptarem ao online e para aí se movimentarem com sucesso, promovendo com estratégias inovadoras “marca” e “fiabilidade”.
Segundo os estudos mais recentes de auditoras internacionais (McKinsey), 10 por cento de aumento da penetração do comércio online causa 5 por cento de quebra na margem de lucro em loja. Se essa penetração do digital aumentar mais 10 pontos percentuais, isso significaria que muitos pontos de venda deixam de ser rentáveis.
O retalho do Luxo, nomeadamente em Portugal, vai sofrer uma revolução rápida e cruel para empresas familiares e independentes. Segundo dados do último inquérito da AORP – Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal - quando questionadas sobre as suas expectativas para os próximos meses, 39,7% das empresas inquiridas antecipa, nos próximos meses, uma descida entre 75 e 100% da sua receita, 29,5% um decréscimo de 50 a 75%, e 9% uma redução de entre 25 e 50%.
Quanto à possibilidade de encerrar definitivamente a sua actividade, 30,8% avalia como “risco elevado”, 29,5% “risco moderado” e 33,3% “risco baixo”.
Em relação à recuperação da sua actividade, 34,6% afirma esperar ser muito lenta (entre 12 a 24 meses), 29,5% estima entre 6 a 12 meses e 14,1% estão mais pessimistas, antecipando a retoma apenas depois de 2 anos.
Na Suíça, a situação começa a ser dramática: as exportações relojoeiras tiveram uma quebra brutal em Abril - menos 81,3 por cento em valor face a mesmo mês de 2019. Todos os 30 principais mercados de destino da relojoaria helvética quebraram neste mês, no pico dos efeitos da pandemia do novo coronavírus. Em quantidade exportada, a redução foi de 78,6 por cento. Pela primeira vez em décadas, Portugal desaparece em Abril dos 30 principais mercados clientes. No acumulado dos 4 primeiros meses do ano, também se regista uma quebra em todos os 30 mercados de destino, com Portugal na 25ª posição, e com uma quebra de 29 por cento, acima dos 26,3 por cento de contracção geral.
É todo um sector que tem que se reinventar. Ou morre.
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