Murmúrio d'agua na clepsydra gotejante.
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio d'areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante,
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre…
Homem, que fazes tu ? Para que tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça ?
Procuremos somente a Belleza, que a vida
E' um punhado infantil de areia ressequida.
Um som d’água ou de bronze e uma sombra que passa.
Eugéno de Castro, in A Sombra do Quadrante, Coimbra, 1906
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