domingo, 1 de dezembro de 2019
Relógios & Canetas online - Editorial - O Negócio dos Usados
Dezembro, uma edição recorde - com mais de 200 páginas. Milhares de relógios mostrados e explicados aqui, aqui ou aqui, no Relógios & Canetas online, a mais importante plataforma do seu género em língua portuguesa.
O negócio dos usados
Um segmento do mercado do luxo está a crescer exponencialmente desde há 5 anos – o dos artigos usados. E, nos relógios, a situação é mesmo “explosiva”, com as marcas a entrarem no negócio elas mesmas, nas suas boutiques, e com o retalho a dedicar-lhe também cada vez mais espaço.
As plataformas digitais e os leilões têm contribuído para um aumento exponencial dos preços de certos modelos. Segundo Mario Ortelli, consultor nesta área, “os consumidores estão a dirigir cada vez mais a sua atenção para a sustentabilidade, e comprar em segunda mão insere-se nessa tendência”.
Em inglês, a comunicação no segmento do luxo evita as palavras “used” ou “second hand” e prefere o termo “pre-owned”. Em relojoaria, as plataformas WatchBox, Watchfinder e Chronext florescem neste segmento (todas estas plataformas oferecem garantias de autenticidade).
“Usados, os artigos ganham uma nova vida. Anteriormente, a indústria do luxo via este negócio como ameaçador. Pensava-se que o consumidor, em vez de comprar um produto em primeira mão, comprava-o já usado, canibalizando as suas próprias vendas”, diz Mario Ortelli. “Mas a realidade é que, em muitos casos, o consumidor não faz a escolha entre novo e usado, apenas entra no segmento de luxo através dos usados. Quando tenho 400 libras e posso comprar uma mala Michael Kors nova, talvez pense em uma Louis Vuitton ou numa Gucci usada”.
Actualmente, o segmento nos usados de luxo representará algo como 22 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 7 por cento do total do mercado de luxo, estando a crescer a um ritmo quatro vezes superior à da procura global no luxo – dados da consultora Altagamma/Bain. Mas, quanto a relógios, e segundo um artigo recente no New York Times, esta febre do vintage e do usado ameaça mesmo o novo e o retalho tradicional.
Calcula-se que o mercado de relógios em segunda mão (feito na quase totalidade no online) já valha 16 mil milhões de euros por ano, quase um quarto do valor total do negócio de relojoaria.
Os futuros consumidores terão que fazer compras do que é novo calculando o que isso valerá no mercado de usados. Como refere um dos entrevistados pelo New York Times, “porque é que hei-de comprar um relógio de 20 mil euros que, daqui a um ou dois anos, valerá apenas 2.000 euros no mercado de usados?”.
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