sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Meditações - tarde de Agosto

[...] Tarde de Agosto. Ao longe, fechando o horizonte que a eira dominava, as arestas dos montes quebravam-se numa sombra igual, e embaciavam ainda o poente as suaves, brandas pulverizações doiradas da última luz do Sol. Riscos vermelhos de nuvens, como grandes vergas de ferro levadas ao rubro, destacavam imóveis num fundo verde-mar, esvaecido e meigo, raiado de listrões de uma coloração leve de laranja. Pequenos algodões transparentes, com alvuras de neve, cortavam aqui e além, alegremente, a monotonia profunda do azul. Num deslado, sob os castanheiros próximos, surgiam os telhados da aldeia, a torre branca da igreja, as paredes caiadas da escola.

Trindade Coelho, Os Meus Amores

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