sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Baselworld - crise já levou a nova demissão - mataram a galinha dos ovos de ouro...


Planta das marcas Swatch Group na edição de 2003 de uma Baselworld renovada

Desde domingo, 29 de Julho, que um gigantesco buraco negro tomou conta do coração da Baselworld, a centenária feira de Relojoaria e Joalharia até agora considerada como a maior do mundo no seu género.

Tudo porque o CEO do Swatch Group, Nick Hayek, anunciou inesperadamente, através da edição de fim-de-semana do jornal suíço de língua alemã Neuen Zürcher Zeitung que as marcas daquele que é também, em termos de valor, o maior grupo industrial do mundo em Relojoaria, abandonariam o evento já na edição de 2019.

As marcas mais poderosas da indústria relojoeira suíça agrupam.se no piso térreo do hall 1 da feira. O universo Swatch Group estava instalado bem no centro desse espaço, dispondo de um restaurante privativo e mesmo de uma praça central, onde as várias marcas organizavam exposições e outras iniciativas durante a semana da Baselworld.

A Administração da feira, que organiza outros eventos, como a Art Basel, reagiu com espanto e compreensível preocupação face ao abandono por parte das marcas do Swatch Group, anunciando as novidades para 2019 e prometendo que vai tentar ainda que a decisão anunciada por Nick Hayek seja revertida.

Baselworld, que fez 100 anos em 2017, tem vivido uma crise nos últimos 3 anos, com abandonos sucessivos. A Directora da feira, Sylvie Ritter, foi recentemente substituída por Michel Loris-Melikoff. Hoje, soube-se de mais uma vítima - René Kann, CEO da empresa organizadora das feiras de Basileia, MCH Group, foi afastado - resultado directo do anúncio do Swatch Group.

Como anunciámos aqui em primeira mão, o segundo mais importante dos pavilhões da Baselworld, o 2, deixará de funcionar na edição de 2019. Nos últimos anos desapareceram os pavilhões dedicados aos fornecedores de equipamentos para relojoaria, a menor presença asiática fez desaparecer outro pavilhão; o espaço The Palace, reservado a marcas contempoorâneas independentes, teve escassos anos de existência.

As marcas de moda que estavam presentes no segundo piso do Hall 1 praticamente desapareceram - incluindo a Dior ou a Hermès (esta última mudou-se para o Salão de Alta Relojoaria de Genebra, onde predominam as marcas do Richemont Group (o maior do mundo em termos de Alta Relojoaria). O grupo Kering mantém em Basileia a Gucci, mas outras duas marcas do seu universo - Girard-Perregaux e Ulysse Nardin, seguiram também para Genebra.

Depois de investir fortunas num espaço enorme em frente ao Hall 1, o Movado Group já não esteve em 2018 em Basileia. Esse espaço foi ocupado pelos relógios Swatch na edição de 2013 da feira, a primeira e única vez que a marca esteve presente.

A histórica edição de 2013 parecia indicar mais cem anos de glamour à Baselworld, mas afinal terá sido o seu canto de cisne. A contra-corrente, o MCH Group decidiu renovar e alargar o espaço, pagando uma fortuna a um famoso ganbinete de arquitectos de Zurique (autores do Ninho das Olímpiadas de Beijing, por exemplo). Nick Hayek disse, entre outras coisas, que não está para pagar os custos desse investimento, hoje visto como megalómano.

Para a edição de 2013, a Direcção da feira aumentou sunstancialmente os preços para os expositores, obrigou-os a investir em novos stands, havia uma guerra dura entre as marcas para conseguir entrar no Hall 1, principalmente para o piso térreo. Houve marcas que foram expulsas do espaço que ocupavam há muitos anos, para dar lugar a outras que pagavam mais...

Agora, com aroma a debandada geral a pairar no ar, quem virá a ocupar o espaço deixado vago pelo Swatch Group? E até quando os gigantes independentes como a Rolex ou a Patek Philippe ficarão no evento? E o LVMH, o maior grupo de luxo do mundo, continuará a apostar em Basileia (com TAG Heuer, Zemith, Hublot e Bvlgari)? Demasiadas interrogações.

Uma coisa é certa - a haver Baselworld 2019, estaremos presentes, como desde há 20 anos.


A planta do Hall 1, piso térreo, na edição 2013. A Swatch, pela primeira e única vez presente...



As quatro marcas LVMH


A Breitling ameaçou em plena Baselworld 2018 abandonar a feira. Depois, disse que ficava...


O grupo norte-americano Movado desistiu em 2018 de estar presente


Cartaz histórico da edição 2013 da feira - o auge, seguido da queda


O pavilhão nº 2, com o seu mais que fotografado relógio, estará fechado em 2019


Baselworld durante a fase de expansão, em 2012 e 2013




A edição de 2019 deverá resumir-se ao Hall 1. Tudo o resto foi desaparecendo


Reprodução da primeira Feira Suíça de Amostras, realizada em 1917 em Basileia - as raízes da Baselworld




O universo Swatch Group


Um dos aspectos mais fotografados do conjunto arquitectónico - uma gigantesca chaminé por cima da Messe Platz







Basileia engalanada para a edição 2013 da Baselworld. Na edição de 2018, esses sinais exteriores à feira quase desapareceram. Basileia duplica e triplica os preços dos seus hotéis e restaurantes durante a semana da feira. Um dos aspectos mais criticados por quem lá vai. A galinha dos ovos de ouro morreu?

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