sábado, 28 de outubro de 2017

Com os relojoeiros reparadores espanhóis e a sua associação, no Observatório de San Fernando, Cádiz


Estivemos por estes dias na Andaluzia, onde assistimos à V Assembleia Geral da A.N.P.R.E. - Associação de Relojoeiros Reparadores de Espanha. Grande parte do evento decorreu ontem, sábado, nas instalações do Real Instituto e Observatório Real da Armada, na ilha de San Fernando, na Baía de Cádiz. Esta instituição da Marinha de Guerra de Espanha está muito ligada ao tempo - é ela que emite a Hora Legal no país vizinho e quem homologa o Segundo Padrão. Em cima, foto de grupo dos associados da A.N.P.R.E., à porta do Observatório, com o Director e Sub-Director do Observatório. Hoje, o grupo esteve em Jerez de la Frontera, onde está sediada uma importante colecção de relojoaria, no Palácio do Tempo, como já tivemos oportunidade de divulgar, aqui.


À porta do complexo do Observatório de Marinha de Espanha. O relógio marcava as 10h00 exactas.



Convidados oficiais da A.N.P.R.E., tínhamos autorização prévia de entrada nas instalações militares.


As primeiras explicações aos relojoeiros, antes da entrada no Observatório.








O dia começou com uma exposição a cargo do Oficial de Marinha Francisco J. Galindo, onde foi contextualizado o papel do Obervatório de San Fernando no Tempo de Espanha e não só. Os relógios atómicos da instituição estão ligados en rede - 470 no total, espalhados por 75 laboratórios - para a elaboração do Tempo Coordenado Universal (TCU ou UTC, segundo o acrónimo inglês).



O domo do Mapa do Céu, que o astrógrafo Ferdinand Paul Gautier adquiriu em 1887 para o projecto internacional da Carta do Céu.


Relógios atómicos desactivados, do espólio do Observatório



Francisco J. Galindo explicando a rede de relógios atómicos




Na cave de um edifício contíguo ao Observatório, recentemente inaugurado, está uma bateria de relógios atómicos de última geração, em sala climatizada, sob pressão constante e com dispositivos individuais anti-sísmicos para cada um dos aparelhos.



O Observatório foi transferido para o edifício actual em 1793, mas foi fundado em 1753 (o de Lisboa data de 1867)


O Observatório tem um repositório rico de instrumentros científicos.







Em cima, o primeiro transmissor da Hora Legal para Espanha. O Observatório tem uma colecção admirável de pêndulas reguladoras. Cada uma, a seu tempo, foi sendo o relógio padrão do país, servindo uma rede de relógios-escravos.







A Biblioteca da instituição é das mais ricas em obras científicas em Espanha. Conta com primeiras edições das grandes obras de Astronomia, Física, Geografia do século XVIII.

O seu catálogo, diz-nos Francisco José González, Director Técnico da Biblioteca, Arquivo e Colecção Museográfica do Real Observatório da Armada, pode ser consultado no Catálogo Colectivo de la Red de Bibliotecas de Defensa (www.bibliodef.es). Os seus fundos antigos (séculos XV-XVIII) estão digitalizados e podem ser consultados na Biblioteca Virtual del Patrimonio Bibliográfico Español (www.bvpb.mcu.es)




















O almoço de sábado decorreu no Clube de Oficiais da Armada, adstrito ao Observatório. Cada mesa evocava um grande relojoeiro ou cientista ligado ao Tempo, como John Ellicott...


Christiann Huygens...


Abraham Louis Breguet...


John Harrison...


José Rodriguéz Losada...


Ferdinand Berthoud...


ou George Graham.



A seguir ao almoço, foi exactamente sobre a figura de Losada, ou mais propriamente sobre um cronómetro de marinha de sua autoria, do acervo do Observatório, que houve uma comunicação. Ela esteve a cargo do mestre relojoeiro José Maria Galisteo, membro da ANPRE e estabelecido em Jerez de la Frontera. Galisteo procedeu à recuperação e restauro da peça, num trabalho documentado por ele, apresentado aos seus pares e, logo ali, considerado como exemplo a seguir em casos semelhantes de recuperação de relojoaria antiga.



Acervo de cronómetros de marinha do Observatório de San Fernando


O cronómetro de marinha de Losada, recuperado por Galisteo



De luvas, o mestre relojoeiro José Maria Galisteo explica as dificuldades que teve na recuperação da peça. "Seguimos os critérios de restauro estabelecidos pela Guilda de Relojoeiros de Londres, a mais antiga do mundo", explicou.

   



Manel Alabart, Presidente cessante da ANPRE. A V Assembleia Geral elegeu Manuel Díaz Muñoz como novo Presidente.


No final do dia, troca de presentes entre as duas instituições - ANPRE e Observatório



Eram exactamente 19h43 quando saímos do complexo do Observatório. Um dia bem passado, onde o tempo voou... Saudações relojoeiras aos membros da ANPRE e... até para o ano.

1 comentário:

  1. Estimado Sr. Fernando Correia, soy Francisco José González, Director Técnico de la Biblioteca, el Archivo y la Colección Museográfica del Real Observatorio de la Armada. Ante todo, me gustaría felicitarle por la magnífica crónica de la visita al Observatorio y por hablar tan bien de nuestro trabajo en la investigación científica y en la conservación del patrimonio cultural.

    No obstante, me gustaría hacerle unas pequeñas apreciaciones que pueden enriquecer la información de sus comentarios:

    Nº 1
    Donde dice: "A cúpula principal do Observatório, com um telescópio de passagem".
    Debe decir: El domo de la Carta del Cielo, con el astrógrafo Gautier adquirido en 1887 para el proyecto internacional de la Carte du Ciel.
    (El anteojo de pasos y el círculo mural están instalados en el Salón de Observaciones Meridianas, que no pudo ser visitado por falta de tiempo. Si está interesado puedo enviarle una foto)

    Nº 2
    Donde dice: "O Observatório, fundado em 1793"
    Debe decir: O Observatório, fundado em 1753
    (el Observatorio fue fundado por el sabio Jorge Juan en 1753. La fecha que está en la placa que usted fotografió contiene la fecha del inicio de la construcción del actual edificio, al que fue trasladado el Observatorio en 1798).

    Nº 3
    Donde dice: "A Biblioteca da instituição é das mais ricas em obras científicas em Espanha".
    Se podría añadir: Su catálogo puede ser consultado en el Catálogo Colectivo de la Red de Bibliotecas de Defensa (www.bibliodef.es). Sus fondos antiguos (siglos XV-XVIII) están digitalizados y pueden ser consultados en la Biblioteca Virtual del Patrimonio Bibliográfico Español (www.bvpb.mcu.es)

    Espero que esta información le sea de utilidad.

    Y de nuevo, ¡muchas gracias por su visita y por sus comentarios!

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