O MOSTEIRO DESERTO
[...]
No mosteiro vai fundo o silencio;
Um silencio que gera terror;
Só nos tectos, que banha o luar,
Sólta o mocho seu pio de horror:
Só o vento que gyra nos pateos,
E se engolfa na escada ogival,
Ramalhar vem nas folhas dos ulmos,
Que ladeiam normando portal.
Meia noite. E na crasta deserta
Não reboam os ecchos do sino,
Que, vagando, murmuram nas cellas:--
São as horas do officio divino.
Meia noite! Bem como na torre
Voz de bronze dormente parece,
Tal o monge, na dura jazida,
Priguiçoso do templo se esquece.
Monge, o brado nocturno do sino
Ao resar não te chama, é verdade;
Mas talvez já no topo do côro
Somnolento te espera o abbade.[...]
Alexandre Herculano
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