Rente, rente, rente
A tesoura corta.
E, na tarde quente,
Junho está à porta.
Vem do campo, em volta,
Mágico fulgor
De aroma, que solta
O feno, inda em flor.
Aperna-se o gado,
P'ra tirar-lhe a lã.
Ficou encerrado
Desde esta manhã.
Rente, rente, rente
Que a tesoura corta,
E, na tarde quente,
Junho está à porta.
Um halo de neve,
Espuma ou algodão,
Envolve de leve
As reses no chão.
Na luz forte, em roda,
Zumbem as abelhas.
E há balidos soltos
E tristes de ovelhas.
E ao soltar aquelas,
Livres, já, dos velos,
Parecem gazelas,
Em saltos singelos.
Rente, rente, rente
A tesoura corta,
E, na tarde quente,
Junho está à porta.
Francisco Bugalho
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