quarta-feira, 5 de abril de 2017
Relógios & Canetas online Abril - Editorial
Relógios ou gadget electrónicos?
Fernando Correia de Oliveira
Acabámos de participar na Baselworld 2017, o maior evento do seu género no mundo. Esta feira de relojoaria e joalharia tem a suas raízes num certame iniciado em Basileia em 1917, pelo que a edição deste ano, a do centenário, seria sempre especial.
Num evento em que predomina naturalmente o sector relojoeiro helvético, houve como sempre representações fortes da França, Itália, Alemanha, Japão, Hong Kong, China e… Coreia do Sul. Pela primeira vez, a Samsung esteve representada, com os seus relógios conectados.
Dizia-nos, a propósito disso, meio a brincar, meio a sério, o CEO de uma grande marca relojoeira suíça – “Eles são a maior marca presente”. Em termos de volume, isso é verdade. A Samsung ou a Apple vendem todos os anos milhões de relógios conectados, destronando em larga escala a dimensão industrial da relojoaria mecânica ou de quartzo suíça e marcas como a Rolex.
Produzem-se anualmente 1,2 mil milhões de relógios no mundo. Com 60% do valor desse bolo, ela é o terceiro sector exportador helvético (depois da indústria química e farmacêutica e de maquinaria), empregando cerca de 60 mil trabalhadores em mais de 700 empresas.
Cerca de 95% dos relógios que se vendem no mundo com PVP acima dos mil euros são suíços. E dos 25,4 milhões de relógios que a Suíça produz todos os anos (apenas 3% do global), só 27,4% são mecânicos, mas eles representam 80% do valor.
Desde há dois anos que as exportações relojoeiras suíças estão a decrescer. Franco forte, incerteza política, terrorismo, crises económicas em certos países, contribuem para isso. E o relógio conectado, que a maioria das marcas suíças continua a ignorar?
Baselworld, que este ano teve menos 200 expositores, será “invadida” pelas grandes marcas da electrónica, seguindo o exemplo da Samsung? A maior e mais antiga feira de relojoaria será, no futuro, mais uma no sector dos gadgets? Após um século de vida, é tempo de pôr tudo em causa.
Quem já decidiu foi a Hermès. Para 2018, já não estará em Basileia. Prefere mudar-se para Genebra, onde em Janeiro decorrerá mais um Salão Internacional de Alta Relojoaria.
Já está disponível, aqui, aqui ou aqui a edição de Abril do Relógios & Canetas Online, a maior plataforma em língua portuguesa sobre relógios, jóias, instrumentos de escrita e outros objectos de luxo.
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