sábado, 4 de fevereiro de 2017

Lisboa vista à luz do néon - relógios e outra publicidade em exposição do MUDE


Aspecto do Rossio, com referências aos relógios Cyma e Relide

A Relojoaria sempre investiu maciçamente em publicidade. E esteve também sempre na frente quanto à utilização de novos métodos de comunicação. Quando o néon liderou, tendo o seu auge a meio do século XX, as marcas relojoeiras não podiam estar ausentes. Em Lisboa, o eixo Rossio / Restauradores, mas também o Marquês de Pombal ou o Chiado, tiveram  os seus anúncios luminosos, alguns deles estáticos, muitos deles cinéticos.

No âmbito da programação MUDE Fora de Portas, decorre até 18 de Março, no Convento da Trindade, em Lisboa, a exposição “Cidade Gráfica. Letreiros e reclames de Lisboa no século XX”.

As relojoaria, ourivesarias, joalharias e marcas de relógios (e canetas) estão lá representadas. Alguns dos marcadores luminosos do tempo colectivo alfacinha eram por nós desconhecidos. Quanto aos anúncios, propriamente ditos, já os conhecíamos quase todos (à excepção de um curioso e gigantesco exemplar Breitling, que esteve no tecto do prédio no Rossio que albergou durante décadas a Livraria do Diário de Notícias e que deu lugar a uma inconcebível loja de atoalhados abaixo de gama...

De qualquer modo, a exposição (inédita na sua temática, julgamos nós), vale bem a pena uma visita. São ao todo cerca de 70 peças. O catálogo, só para Março ou Abril, dizem-nos. Convento da Trindade, 20 - Rua Nova da Trindade, Lisboa. De Terça a Domingo, das 10:00 às 18:00. Entrada livre.


Letreiro da desaparecida Ourivesaria S. João, que estava na Rua São João da Mata, à Estrela

Da organização:

Esta exposição tem como objetivo mostrar um património que está a desaparecer da cidade, apresentando assim letras e letreiros já desativados.

Em colaboração com o Projeto Letreiro Galeria (iniciativa que procura preservar os letreiros comerciais e industriais que estão desativados, considerando-os património cultural e memória gráfica da cidade), o MUDE olha para a cidade de Lisboa pela perspetiva da publicidade e da cultura urbana, contribuindo para a preservação de um património gráfico reunido que urge estudar e permitir a fruição de uma memória cultural comum a todos os portugueses.

Devido à evolução dos grafismos, à reabilitação urbana e na sequência das próprias dinâmicas empresariais, que conduzem à abertura e ao fecho de lojas, muitos desses letreiros acabam abandonados, tendo como destino o ferro-velho ou o lixo, perdendo-se qualquer rasto sobre a sua história e o seu contexto. Assim se perde também parte da memória de uma cidade e das referências estéticas que marcam várias épocas.

Esta exposição, a publicação a ela associada e os debates que se preparam, procuram sensibilizar para esta questão e analisar a evolução deste meio de comunicação e publicidade, muito relacionado com o design, mas também com a arquitetura e o urbanismo.

A divisão desta exposição foi feita por tipologias de materiais. Começa com tabuletas de vidro, metais e portas guarda vento. Seguem-se letreiros de néon, divididos e agrupados por estilos de letras (sala de letras manuscrita e itálicos, sala de figuras e conjuntos de letreiros do mesmo estabelecimento, sala de letras sem serifas e estelizadas, sala de letreiros de grandes dimensões).

Como complemento foi feito um levantamento, nos Arquivos da Câmara Municipal de Lisboa e na Fundação Calouste Gulbenkian (estúdios dos irmãos Mário e Horácio Novais) de desenhos técnicos e fotografias de letreiros já desaparecidos, desde os mais icónicos néones dos telhados dos Restauradores e Rossio, até aos anteriores à era néon, que contextualizam estas peças numa evolução gráfica das fachadas de Lisboa.


Fachada e plano de fachada da Ourivesaria do Carmo, Rua do Carmo



Temporizador eléctrico Venner, para ligar e desligar anúncios luminosos, anos 1950


No Rossio, referência aos relógios Omega


Pedido de autorização e anúncio às canetas Parker, no Rossio, com referência ainda aos relógios Cyma



Um dos exemplares mais curiosos da exposição - pedido de autorização e vista nocturna e diurna do anúncio luminoso aos relógios Breitling, no Rossio. Desconhecíamos esta peça.




Pedido de autorização para anúncio a relógios de bolso Cortébert


No Rossio, referências aos relógios Omega (em cima) e Longines (em baixo)



Adjacente ao Cinema Condes, nos Restauradores, um marcador eléctrico de tempo que também desconhecíamos - patrocinado pela Margarina Vaqueiro /FIMA


Ao Camões, referência aos relógios Cortébert e Zenith


Outro marcador colectivo de tempo da capital de que desconhecíamos a existência - adjacente ao cinema Condes, e patrocinado pela ERL / Acril, empresa que se dedicava exactamente ao ramo da publicidade iluminada

Em baixo, outros aspectos da exposição:
























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