Os filósofos da Idade Média consideravam o tempo como sendo o agente que concretizava as abstracções. Tal concepção assemelha-se mais à de Minkowski, do que à de Galileu. Para eles como para Minkowski, Einstein e os físicos modernos, o tempo é, na natureza, absolutamente inseparável do espaço. Galileu, reduzindo os objectos às suas qualidades primárias, isto é, ao que é mensurável e susceptível de ser tratado matematicamente, privou-os das suas qualidades secundárias e da sua duração. deve-se a esta simplificação arbitrária o desenvolvimento da física. Mas, ao mesmo tempo, levou-nos a uma concepção por demais esquemática do mundo, e em especial do mundo biológico. Devemos reintegrar o tempo no domínio do real, segundo o critério de Bergson, assim como devolver aos seres inanimados e aos vivos a duração e as qualidades secundárias.
Alexis Carrel, in L'Homme, cet inconnu , 1935
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