A Eternidade esá ao alcance da Humanidade, através do Espírito, que perdura para além da morte de cada um. Passei a minha vida ao serviço da profissão que escolhi, dei-lhe o melhor que tinha - uma parte herdada, geneticamente; a outra, adquirida por formação. Fiz recentemente um breve exame desse percurso e cheguei à conclusão de que posso partir...
Gosto de pessoas que estão sempre a dizer que não têm tempo. São essas que prefiro para meus colaboradores.
Mas não gosto que alguém me aborde e me pergunte: "Posso roubar-lhe um minuto?"
Aí, reajo, dizendo que o meu tempo ou é dado ou vendido, mas roubado, nunca.
Recordo os tempos de estudante universitário, cadenciado pelo relógio da Igreja de Benfica, que batia todos os quartos de hora, enquanto eu ia lendo os livros, escrevendo apontamentos.
Um ritmo de que nunca mais me libertei. Mesmo ao fim-de-semana, só começo a descontrarir depois das sete da tarde, como quando o relógio da Igreja de Benfica as dava e eu terminava o estudo para esse dia. Sou um escravo do tempo.
Professor João Lobo Antunes (1944 - 2016) in memoriam
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