O som dos sinos…
Torre e cruz lá permanecem!
Se há tempo longo é ali.
A cruz no alto espairece.
E o sino? Oh se me lembro de ti!
Quando entravas pelas janelas,
A repicar - som festivo -
Trazias-me a alegria.
Mas tão rápido, tão furtivo!
Tu sabias que o teu som,
Se em pausadas badaladas,
Passando as mesmas janelas
Ficavam mais demoradas.
Fazias som cavo, profundo;
Pelo silêncio, mais forte.
Trazias notícias tristes
Deixavas novas da morte.
E lembro-me do sobressalto
Quando tocava o rebate.
A prova que então pedias
Levava o povo a combate!
Nos sons que estou recordando:
Festa, clamor e tristezas,
Ainda outro tocavas,
Ao Angeles, pedindo rezas.
Desde a manhã, sol nascente,
À tardinha, p' las Trindade,
Lembravas Ave-Marias,
Oh preces, pelas herdades!
António Lourenço Marques
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