Tardinha... "Ave-Maria, Mãe de Deus..."
E reza a voz dos sinos e das noras...
O sol que morre tem clarões d′auroras,
Águia que bate as asas pelo céu!
Horas que têm a cor dos olhos teus...
Horas evocadoras doutras horas...
Lembranças de fantásticos outroras,
De sonhos que não tenho e que eram meus!
Horas em que as saudades, p′las estradas,
Inclinam as cabeças mart′rizadas
E ficam pensativas... meditando...
Morrem verbenas silenciosamente...
E o rubro sol da tua boca ardente
Vai-me a pálida boca desfolhando...
Florbela Espanca, in Livro de Sóror Saudade, 1923
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