sexta-feira, 4 de setembro de 2015
Relógios & Canetas online Setembro - Editorial
Já está disponível, aqui e aqui, a edição de Setembro do Relógios & Canetas online.
Editorial:
Fernando Correia de Oliveira
A ameaça do yuan
As campainhas soaram com força por estes dias no seio da indústria relojoeira suíça, com as exportações a diminuírem 9,3 por cento em Julho, face ao mesmo mês de 2014, e com uma quebra de 21 por cento na Ásia. Apesar disso, Nick Haiek, CEO do Swatch Group, o maior do mundo no seu sector, está optimista. Ao inaugurar há dias a maior loja Swatch na Suíça, em Interlaken, ele mostrou-se confiante.
Em declarações à imprensa, Nick Hayek disse que os números da Federação Relojoeira não reflectem o quadro completo, pois os seus números não diferenciam entre entregas às subsidiárias, vendas efectivas a agentes, ou unidades exportadas temporariamente para exposição. E referiu que o Swatch Group até vem melhorando os seus números desde Julho de 2014. Isto, apesar da valorização do franco suíço, que desde Janeiro deixou de estar indexado ao euro. “Em euros, tivemos um aumento de 100 por cento no valor das vendas”, disse ele ao Wall Street Journal . Ao Tages Anzeiger, disse que os smart watches, como o Apple Watch, também o não preocupam. “Não ignoramos a tecnologia smart, mas não temos que dizer sim a todas as megatendências, numa mentalidade de rebanho… Nós fazemos relógios, não fazemos computadores para o pulso”.
Na primeira metade de 2015 o Swatch Group realizou vendas no valor de 4.248 milhões de francos suíços, um aumento de 3,6 por cento face a 2014.
O grupo indendente Hermès registou um turnover consolidado de 2,9 mil milhões de euros na primeira metade de 2015 (mais 21 por cento). A relojoaria, que é insignificante no bolo global, diminuiu ligeiramente (-1 por cento). O maior grupo de luxo, o LVMH, teve receitas recorde de 16,7 mil milhões na primeira metade de 2015 (mais 19 por cento). O segmento Relógios e Jóias teve um crescimento de 10 por cento.
Todo este quadro pode ser seriamente afectado pela decisão do Banco Central da China de desvalorizar o yuan. Todos os produtos importados, especialmente os de luxo, ficarão mais caros. Todos os chineses de viagem no estrangeiro perdem poder de compra. E sabe-se que 70 por cento das compras de artigos de luxo por parte dos chineses são feitas fora do país.
O LVMH depende em 8 por cento do mercado continental chinês. A Hermès, em 12 por cento. O grupo Kering, em 10 por cento. Nas bolsas, a reacção à desvalorização do yuan foi a imediata queda das acções dos grupos de luxo ocidentais, que afundaram por estes dias mais de 5 por cento.
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