quinta-feira, 7 de maio de 2015
Relógios & Canetas online de Maio - entrevista em exclusivo a Philippe Léopold-Metzger, CEO dos relógios Piaget
Já está disponível, aqui e aqui a edição de Maio do Relógios & Canetas online. Onde trazemos uma entrevista exclusiva com um dos grandes players da Alta Relojoaria.
Conversa com Philippe Léopold-Metzger, CEO Piaget
Elegância discreta
Há vozes do sector relojoeiro internacional que procuramos escutar regularmente, para sentir o pulso a uma indústria que se tem mostrado dinâmica e adaptável. Philippe Léopold-Metzger, desde Dezembro de 1999 à frente da Piaget, é uma delas. Impressões de novo encontro, ocorrido em Janeiro, no Salão de Alta Relojoaria de Genebra.
A Piaget é uma manufactura que só trabalha metais preciosos e equipa todos os seus relógios com calibres feitos por si. Produz apenas cerca de 20 mil peças por ano, todas respeitando os códigos da Alta Relojoaria. Relógios & Canetas online – A Piaget iniciou em 2014 uma nova estratégia de comunicação, que passa pela imagem de “especialista em relógios extra-planos”. É para continuar?
Philippe Léopold-Metzger – Desde logo, temos que considerar que há limites técnicos para as proezas que temos apresentado. Não podemos reduzir eternamente a espessura dos calibres e das caixas. O mais recente extra-plano que apresentámos, o cronógrafo automático de roda de colunas, com embraiagem vertical, flyback e indicação GMT [a capa de Janeiro do Relógios & canetas online], tem mais de 240 peças, há limites técnicos. Temos actualmente vários recordes de relógios Piaget, os mais finos nas suas categorias. Mas, no futuro, estamos interessados não tanto em reduzir mais um milímetro a espessura, mas antes em aumentar a autonomia, melhorar a fiabilidade, em fazer algumas coisas nas grandes complicações. Note-se que um relógio simples, de carga manual, extra-plano, é já de si uma complicação, devido ao domínio técnico que é preciso ter para se fazerem calibres tão finos.
Relógios & Canetas online – Em mercados mais maduros, como o português, sente-se que o cliente de 40 ou 50 anos, que comprou na última década relógios desportivos, de caixas grandes, começa a olhar com interesse para propostas mais clássicas. A Piaget sempre teve propostas nesse segmento. Mas também tinha relógios desportivos. Abandonou essa área?
Philippe Léopold-Metzger – Tem razão. Muitos dos consumidores de alta relojoaria, de 40 ou 50 anos, nunca tiveram um relógio clássico. Em Portugal, onde trabalhamos com a Machado Joalheiro (António Machado continua, na minha opinião, a ser um dos Grandes Senhores do retalho mundial), também sentimos isso. Houve e há uma linha desportiva na Piaget, o Polo, mas estamos mais no “casual chic” dom que propriamente no segmento desportivo de luxo. Deixamos isso para outras marcas. O nosso ADN é cada vez mais o clássico extra-plano, um relógio elegante e discreto.
Relógios & Canetas online – A Piaget é apercebida mais como marca feminina, de relógios-jóia. Qual a proporção de clientes finais?
Philippe Léopold-Metzger – Trata-se de uma percepção que não corresponde à realidade. Uma das nossas forças é o facto de termos uma produção equilibrada – 50 por cento de relógios femininos e outros 50 por cento masculinos. Mas, como as mulheres compram cada vez mais tamanhos convencionados como sendo masculinos, diria que estamos nos 60 por cento de clientes mulheres e 40 por cento homens. Nos relógios-jóia, onde continuamos muito fortes, estamos a equipar cada vez mais modelos com versões mecânicas, porque há muitas mulheres que os começam apreciar. Mas diria que o quartzo continua a ser “a girl’s best firend”.
Relógios & Canetas online – A Piaget vai abrir a sua primeira boutique no Brasil. Qual a estratégia para esse país?
Philippe Léopold-Metzger – Sim. Vamos abrir em Março a primeira boutique no Brasil, em São Paulo [a conversa decorreu em Janeiro]. Será um investimento avultado, que terá um fraco retorno directo. Mas actuamos aqui como na China – devido às altas taxas, o consumidor compra fora, mas estamos presentes por imagem e prestígio, para garantir serviço pós-venda. A boutique em São Paulo poderá ter efeitos em Portugal, pois sei que muitos brasileiros escolhem Lisboa ou Porto para comprar relógios quando viajam pela Europa.
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