sábado, 2 de agosto de 2014

Meditações - crepita o mar de Agosto

Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!

Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...

Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.

David Mourão-Ferreira

2 comentários:









  1. Paraíso meu

    Meu paraíso, amor, sempre eatará
    onde te encontras tu, seja onde for,
    com teu sorriso meigo e sedutor
    e teu perfume a incenso e a romã!

    Sem ti, sem te sentir à minha beira,
    por mais belo que seja algum lugar,
    não me cosegue nada despertar
    qualquer breve prazer, ainda que queira.

    Meu paraíso es tu, pois mesmo ausente
    a residir com Deus entre as estrelas
    não sais uma hora só da minha mente.

    Embora tenhas já lugar no céu,
    livre de achaques, penas e mazelas,
    em ti reside… o paraíso meu!

    João de Castro Nunes

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