sexta-feira, 16 de maio de 2014

Meditações - Um tempo sem saber me principia...

Na solidão do cárcere

Quando na rósea nuvem sobe o dia
De risos esmaltando a natureza,
Bem que me aclare as sombras da tristeza
Um tempo sem saber me principia.
Quando por entre os véus da noite fria
A máquina celeste observo acesa,
Da angústia, de terror a imagens presa
Começa a devorar-me a fantasia.
Por mais ardentes preces, que lhe faço,
Meus ais não ouve o nume sonolento,
Nem prende a minha dor com ténue laço.
No inferno se me troca o pensamento.
Céus! Por que hei de existir, por que, se passo
Dias de enjoo, e noites de tormento?

Manuel Maria Barbosa du Bocage

2 comentários:


  1. Todos nós presos estamos
    na cadeia da existência
    sujeitos à contingência
    dos tormentos que passamos!

    JCN

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  2. Altero o último verso para:

    de cada passo que damos!

    JCN

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