Ave da morte, que piando agouros
Tinges meus ares de funéreo luto!
Ave da morte (que em teus ais a escuto)
Meus dias murcharás, mas não meus louros.
Doou-me Febo aos séculos vindouros,
Deponho a flor da vida, e guardo o fruto,
Pagando em vil matéria um vão tributo,
Retenho a posse de imortais tesouros.
Nome no tempo, e ser na eternidade!
Que fado! Ó ponto escuro, assoma embora,
Dê-me a piedoso adeus comum saudade:
E rindo-me na campa dos dons de Flora,
Mais do que eles a adorne esta verdade:
"Lísia cantava Elmano, e Lísia o chora".
Manuel Maria Barbosa du Bocage
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar
ResponderEliminarUm pé na eternidade
Por mais que o tempo contra ti lutasse,
às leis da narureza obedecendo,
nunca existiu ninguém que ultrapassasse
teu nome que hoje ainda está crescendo!
Conforme de ti próprio imaginaste,
grande Bocage, a glória te sorriu
e um pé na eternidade colocaste,
onde aliás teu génio se exibiu.
De todos te burlaste em Portugal,
um manguito fazendo aos teus rivais,
a quem deixaste sempre ficar mal.
Te avantajaste na literatura
em mil e um poemas imortais
eivados de académica estrutura.
João de Castro Nunes