domingo, 18 de maio de 2014

Meditações - Nome no tempo, e ser na eternidade!

Ave da morte, que piando agouros
Tinges meus ares de funéreo luto!
Ave da morte (que em teus ais a escuto)
Meus dias murcharás, mas não meus louros.
Doou-me Febo aos séculos vindouros,
Deponho a flor da vida, e guardo o fruto,
Pagando em vil matéria um vão tributo,
Retenho a posse de imortais tesouros.
Nome no tempo, e ser na eternidade!
Que fado! Ó ponto escuro, assoma embora,
Dê-me a piedoso adeus comum saudade:
E rindo-me na campa dos dons de Flora,
Mais do que eles a adorne esta verdade:
"Lísia cantava Elmano, e Lísia o chora".

Manuel Maria Barbosa du Bocage

2 comentários:









  1. Um pé na eternidade

    Por mais que o tempo contra ti lutasse,
    às leis da narureza obedecendo,
    nunca existiu ninguém que ultrapassasse
    teu nome que hoje ainda está crescendo!

    Conforme de ti próprio imaginaste,
    grande Bocage, a glória te sorriu
    e um pé na eternidade colocaste,
    onde aliás teu génio se exibiu.

    De todos te burlaste em Portugal,
    um manguito fazendo aos teus rivais,
    a quem deixaste sempre ficar mal.

    Te avantajaste na literatura
    em mil e um poemas imortais
    eivados de académica estrutura.

    João de Castro Nunes


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