quarta-feira, 14 de maio de 2014

Meditações - Leve o Tempo fuga nas asas presa...

Temo que a minha ausência e desventura
Vão na tua alma, docemente acesa,
Apoucando os excessos da firmeza,
Rebatendo os assaltos da ternura:
Temo que a tua singular candura
Leve o Tempo fuga nas asas presa,
Que é quase sempre o vício da beleza
Gênio mudável, condição perjura:
Temo; e se o fado mau, fado inimigo,
Confirmar impiamente este receio,
Espectro perseguidor, que estás comigo,
Com rosto, alguma vez de mágoa cheio,
Recorda-te de mim, dize contigo:
"Era fiel, amava-me, e deixei-o".

Manuel Maria Barbosa du Bocage

2 comentários:

  1. O tempo nada respeita,
    tudo leva por diante:
    a todos nós nos espreita
    em cada sítio ou instante!

    JCN

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  2. Às vezes nada adianta
    ser-se leal ou fiel
    quando o ser que nos encanta
    não respeita o seu papel!

    JCN

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