Almoçámos por estes dias em Plan Les Oates, Genebra, com o mestre relojoeiro Laurent Ferrier. A marca que tem o seu nome chegará esta semana a Portugal, através da Torres Joalheiros, na sua flagship store da Avenida da Liberdade, em Lisboa. O próprio Laurent Ferrier desloca-se à capital portuguesa, para contacto com clientes finais.
No meio de egos muito fortes e por vezes difíceis que vão predominando entre os grandes relojoeiros contemporâneos, há várias excepções. Laurent Ferrier é uma delas. A sua personalidade discreta apenas ganha vivacidade quando fala dos calibres que concebe, das caixas e mostradores que idealiza, num estilo depurado e sem alarde das complicações que possam albergar.
Os seus olhos de um azul profundo brilham de alegria quase infantil ao acariciar os seus "filhos", a barba branca e a voz pausada e quente garantem-lhe a carinhosa alcunha de Pai Natal entre o meio relojoeiro contemporâneo.
Nascido em Genebra, em 1946, neto e filho de relojoeiros, Laurent Ferrier fez o curso de relojoaria na escola local e iniciou-se logo na pesquisa e desenvolvimento de calibres de Alta Relojoaria. Mas, a paixão pelo desporto automóvel leva-o a iniciar uma carreira de piloto e a um terceiro lugar nas 24 Horas de Le Mans, ao volante de um Porsche 935T. De regresso à profissão de relojoeiro, passa as décadas seguintes na Patek Philippe.
Adepto incondicional da tradição mecânica e da escola genebrina de alta relojoaria, Laurent Ferrier lança a sua própria marca em 2009. Actualmente com quase quatro décadas de carreira, ele continua a criar relógios de desenho clássico, mas com desenvolvimento tecnológicos de última geração.
Tudo isto numa pequena vivenda de três pisos, com um pátio, um jardim, paredes de pedra e luz natural, com vista para o Monte Branco...
Laurent Ferrier produz apenas umas centenas de relógios por ano. Os calibres são desenvolvidos por ele e produzidos por uma pequena equipa, numa actividade totalmente independente.
A exigência, mecânica e estética, é absoluta, sem condescendências. As peças Laurent Ferrier são certificadas cronometricamente pelo Observatório de Besançon.O reconhecimento chegou cedo, com a atribuição, em 2010, do Grande Prémio de Relojoaria de Genebra na categoria "Relógio Masculino" ao seu modelo Galet Classic.
Os princípios de Laurent Ferrier podem classificar-se de estética neo-clássica, com caixas inspiradas em exemplares de bolso, do século XIX, cujas formas lembram calhaus rolados (galets, em francês). A essa base, junta-se o emprego de novos materiais nos calibres - como o silício, no escape; e os acabamentos de alta relojoaria, com decoração à mão.
Duas das "assinaturas" dos calibres criados por Laurent Ferrier: o turbilhão com dupla espiral invertida e o micro-rotor. Ambos podem ser vistos, discretamente, através do fundo dos relógios, de vidro de safira. A opção de colocar o turbilhão, escondido, no verso, em vez de do lado do mostrador, é toda uma declaração de sobriedade e intimidade, muito próprias do mestre relojoeiro genebrino.
Outra das características das peças Laurent Ferrier é o mostrador de esmalte. Mas há-os de madrepérola ou jade, com sistema tipo leque, que mostra e esconde o mostrador. Um Galet com função GMT acaba de ser lançado.
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