quarta-feira, 16 de abril de 2014

Relógios & Canetas online Abril - entrevista em exclusivo ao CEO dos relógios Rado, Matthias Breschen


Quando, há três anos, Matthias Breschen se mudou da Hamilton, onde relançou a marca, para a Rado, esta outra marca do Swatch Group estava um quanto adormecida e demasiado fechada no seu nicho a preto e branco, de design minimalista. Agora, mantendo a cerâmica como assinatura, há muito mais formas e cores. À procura de um público jovem.


A Rado é das marcas com um DNA mais forte – utilização de materiais high tech, design apurado e moderno. Mas um CEO deixa sempre a sua influência. Veio da Hamilton, outra marca do Swatch Group. Que balanço faz destes três anos?

Apesar de ser uma marca muito jovem – nasceu em 1957 – a Rado tem uma base muito forte e sólida. Desde sempre percorreu um caminho muito diferente do das outras marcas suíças tradicionais. Concentrou-se na caixa do relógio, no material e no design, enquanto as outras se preocupam com os calibres e as complicações. No final do século passado e início deste século, a Rado tornou-se porém numa marca muito polarizada – distintiva, o que é uma grande vantagem, mas sempre com aspecto quadrado, preto e brilhante. Atingiu uma posição de “ou se gosta ou se odeia”. Isso também é uma vantagem, não podemos perder essa parte do DNA.

Mas tínhamos um problema – o nosso público-alvo estava a ficar cada vez mais velho e tínhamos que descobrir a maneira de atrair uma geração mais nova. Assim, desenvolvemos novas colecções, baseadas em dois factores. Por um lado, desenvolvemos novas maneiras de construir relógios de cerâmica – a maneira tradicional era a de ter uma caixa de aço, que depois era envolvida em cerâmica. Nós fomos os primeiros a introduzir a cerâmica monobloco no mercado. Isso permite-nos conceber geometrias e designs que não podíamos ter no passado. Por exemplo, os extra-planos, com menos de 5 mm de espessura. Por outro lado, trouxemos mais oferta e variedade, pois era tudo muito a preto e branco… Desenvolvemos novas cores, como o Plasma Platina ou o Ouro Rosa ou Amarelo e, este ano, estamos a apresentar uma nova cor, a que chamamos Cool Gray, uma espécie de antracite. Com estas cores todas, temos muito maior variedade na oferta.

Em Portugal, a Rado é procurada por designers, arquitectos, criativos, mas não é uma marca fácil em termos estéticos. Neste mundo globalizado, o mercado oriental, sobretudo o chinês, ganha uma importância enorme. A Rado adapta-se aos gostos orientais?

Não. Somos uma marca global, não fazemos modelos ou linhas regionais. Temos que manter um rosto bem definido, face às outras marcas, mas sem adaptações. Apresentamos este ano modelos femininos e masculinos com tecnologia táctil – a caixa deixa de ter coroas ou outros botões para se poder manipular os ponteiros. Basta pressionar na cerâmica, em determinados pontos. Mas o design continua a ser minimalista. Também este ano, introduzimos pela primeira vez diamantes na cerâmica, dando-lhe novas cores. A Rado era até há pouco tempo a única marca suíça com sucesso nos mercados de língua alemã, do Médio Oriente ou da Ásia no que dizia respeito a uma determinada estética. Queremos manter isso, naturalmente. Mas temos que conquistar consumidores mais novos.

Quanto a Portugal, tem razão. Os modelos anteriores davam pouca escolha e… ou se gostava ou se odiava. Agora, com as novas colecções, há muito mais variedade. Para o gosto europeu, a Rado tornou-se mais “fácil”.

Que outros desenvolvimentos devemos esperar da Rado?

Reparou que, nos últimos dois ou três anos, na Baselworld, a cerâmica se tornou no material da moda? E já não é o material da moda só para relógios da gama dos 200 ou 300 euros. Passou a ser usado no topo de gama. As suas vantagens são conhecidas – não risca, é muito leve, é hipoalérgico, adapta-se à temperatura da pele, sendo muito confortável de usar. Isso ajuda-nos muito, pois essas marcas topo de gama ajudam-nos a comunicar o que é a cerâmica. No passado, quando eram apenas as marcas de moda que usavam cerâmica, tínhamos dificuldade em explicar a disparidade de preços – umas centenas de euros, num caso, milhares de euros, no caso da Rado. Não era óbvio para o consumidor final, porque estávamos sozinhos no topo de gama. Mas, como em todos os produtos, há diferenças entre cerâmica de baixa ou de alta qualidade. Numa cerâmica branca, por exemplo, os raios UV tornam-na amarela ao fim de algum tempo, se for de fraca qualidade. Os elos nos braceletes gastam-se e partem-se, num caso, duram uma vida, noutro.

Como membro do Swatch Group, temos a vantagem de uma forte base industrial – fazemos a nossa própria cerâmica, produzimos os nossos próprios movimentos, mecânicos ou de quartzo, mesmo os circuitos integrados, os chips, ou as baterias, são feitos por nós. Com esta base, o nosso departamento de Pesquisa e Desenvolvimento vai continuar a surpreender em materiais high tech e em design. Mas sempre na gama de preços entre os mil e os 3 mil euros, que não queremos mudar.

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