Todo o bem dura um momento,
O mal é de todo o ano;
Por breve contentamento
Grande tempo grande engano.
Foi-se o engano e deixou
O mal da vida que sigo;
Assi que quem me matou
Trago eu sempre comigo.
Um cuidado que eu prantei
De que agora colho o dano!
Tudo o que tinha empreguei
E levou -rno um desengano;
E, porque do meu tormento,
Mais que de mim, fui amigo,
Por salvar um pensamento
Fiquei eu só no perigo.
Cristóvão Falcão (Séc. XVI)
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