Seriam umas 12h30 locais. A fila de táxis era grande, à espera de clientes, naquele dia de Outono no Aeroporto Internacional de Genebra. "Olha, é o Eusébio!", ouviu-se em bom português. E um dos taxistas deu o "tiro de partida". Ele e os seus compatriotas largaram os táxis, a correr, para vir cumprimentar "O Rei". Havia muitos do Benfica, mas alguns eram do Porto ou do Sporting. E, correndo como eles, vieram depois taxistas espanhóis, italianos, franceses, suíços... do Magreb... Os clientes que tinham acabado de sair do Aeroporto que esperassem mais um bocado. Os taxistas estavam ali para cumprimentar Eusébio, para recolher um autógrafo para si ou para um filho ou neto.
Eusébio seguia numa comitiva portuguesa onde se incluía Herman José ou o costureiro Augustus. Mas as atenções estavam, de todo, voltadas apenas para ele. "Sabe - dizia-me O Rei, quando já numa limusina, a caminho do destino final - o que mais me espanta é o facto de a maioria desta gente nunca me ter sequer visto jogar. É assim em todo o mundo e fico sempre emocionado".
Depois, foi a ida até à Watchland, a sede do grupo Franck Muller, nos arredores de Genebra, onde Eusébio foi receber, em nome do Benfica, um exemplar de uma edição especial de um relógio feita em honra do clube lisboeta.
Houve desde logo grande empatia entre Eusébio e o próprio Franck Muller, sendo o mestre relojoeiro um conhecido adepto do futebol e com simpatias... pelo Benfica.
Quando o pessoal da manufactura soube que estava ali o Eusébio, o fenómeno repetiu-se - desde os jardineiros aos técnicos e administrativos, primeiro os portugueses e depois um pouco de todas as outras nacionalidades, todos procuraram trocar palavras com ele, tirar fotografias, estender um papel para ter a sua assinatura.
A dado passo, Eusébio, sempre disponível, disse: "Desculpem-me, mas vou ter que me sentar... sabem, o joelho, está desfeito, não aguento mais do que 15 minutos em pé..."
Depois de almoço na Watchland, com Eusébio sentado num dos muros do jardim imenso, com o lago Le Mans como fundo, juntámo-nos uns quantos à sua volta, ouvindo durante horas histórias dos bastidores do futebol, desde as peripécias do Campeonato do Mundo de Inglaterra, de 19966, até às rivalidades com Pelé ou o respeito filial pelo "Senhor Coluna".
Estivemos duas vezes com Eusébio - dessa vez e, uns anos mais tarde, quando o entrevistámos, num dos seus poisos favoritos, uma cervejaria em Sete Rios, para a revista Homem Magazine. Sempre cordato, sempre gentil, sempre de uma grandeza intrínseca que não deixava ninguém indiferente.
Vimos jogar Eusébio - principalmente no Estádio da Luz, levados pelo Pai. Lembramo-nos sobretudo da maneira como festejava os golos - saltando, com o punho erguido. Mas, acima de tudo, não esquecemos que o vimos, pela televisão, a preto e branco, na nossa casa, no Chiado, sozinhos - nós e o televisor, numa tarde imortal - quando ele marcou quatro golos e Portugal derrotou a Coreia de Norte.
Em Genebra, da primeira vez que falei com ele, disse-lhe muito claramente: "Você deu-me das maiores alegrias da minha vida! Obrigado". E não foi só por eu ser do Benfica... Até sempre, Rei!
Em 2010, o Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira; Franck Muller e Eusébio apreciam um Franck Muller Conquistador, outra homenagem da marca ao clube lisboeta.
Maia que um poema imortal
ResponderEliminarmerece Eusébio um lugar
no Panteão Nacional,
onde deve repousar!
JCN
Bem haja pela partilha de tal momento.
ResponderEliminarBem haja pela partilha de tal momento.
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ResponderEliminarCorrijo na minha quadra "Maia" por "Mais". JCN