sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Meditações - velhice e juventude

Os 40 são a velhice dos jovens; os 50 são a juventude dos velhos.

5 comentários:










  1. Juvenility

    Começa na velhice a juventude,
    aquela nossa experiente idade
    em que restando um pouco de saúde
    melhor se afirma a nossa identidade.

    É quando a nossa sensibilidade
    se encontra desde logo em plenitude
    e temos a impressão que nos invade
    uma atracção maior para a virtude!

    Tem suas excelências a velhice
    difíceis de expressar graficamente
    como se fosse a volta à meninice.

    A criatividade aumenta em nós
    e de ambições liberta a nossa mente
    dá-nos prazer a condição de avós!

    João de Castro Nunes

    .

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  2. *





    “Morning hymn”

    Traga cada manhã nova esperança,
    novo rumo de vida, novo alento,
    para assumindo uma alma de criança
    voltarmos a viver esse momento!

    Traga a alvorada em cada novo dia
    a sensação de estar-se a renascer
    em plena e comprovada sintonia
    com nossa forma pessoal de ser!

    A velhice deixando para trás
    com sua habitual decrepitude,
    em cada aurora volte a juventude!

    A claridade opondo à noite escura,
    entoar possa cada criatura
    um hino à vida todas as manhãs!

    João de Castro Nunes

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  3. Feliz envelhecer



    Apesar dos achaques inerentes
    aos anos de uma vida prolongada,
    ainda hoje passo dias, entrementes,
    sem, desde logo, me queixar de nada!


    Ainda aguardo o sol cada manhã
    e vejo à noite o brilho das estrelas
    com mente lúcida, inspirada e sã,
    isenta de vesânicas… mazelas.


    Componho noite adentro os meus poemas,
    horas a fio, trabalhando o verso
    como se acaso lapidasse gemas.


    A velhice assumindo de bom-grado,
    com meus extintos ídolos converso,
    feliz de um grande amor ter encontrado!


    João de Castro Nunes

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  4. *


    “Eso es todo”

    Pablo Neruda


    Estou num desses dias em que gosto
    de redigir poemas dominados
    pela tristeza que me vai no rosto
    e me rodeia por diversos lados.


    São dias em que o espinho da saudade
    me fere com mais força o coração,
    alturas em que perco a faculdade
    de reagir e me elevar do chão.


    São dias de Neruda e Pascoaes
    quando o amor à porta lhes bateu
    sob a forma de arcanjos terreais.


    São dias meus, em que recordo aquela
    que em minha juventude Deus me deu,
    mas na velhice me deixou sem ela!


    João de Castro Nunes

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  5. *




    Nonagenário


    Enquanto no coração
    um pingo de amor houver,
    é caso para se não
    começar a envelhecer.


    A velhice só começa
    ao deixa de se estar vivo:
    pois antes que isso aconteça,
    para se amar há motivo.


    Por muito amar hoje ainda
    essa mocinha tão linda
    que o coração me acalenta,


    é que talvez eu mantenha,
    no coração pondo lenha,
    este meu ar… aos noventa!


    João de Castro Nunes

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