Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?
Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!
E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...
Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze – quanta flor! – do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?
Camilo Pessanha
ResponderEliminarQuando cai neve sobre as nossas vidas
já para nada serve a poesia:
batidas pelos ventos da invernia,
as rosas fazem suas despedidas!
JCN
Segue para soneto:
ResponderEliminarEstando nossas almas deprimidas
mesmo que em termos só de alegoria,
a sua verve permanece fria
ainda que do frio protegidas.
A poesia quer calor, verão,
nuvens de fogo, ondas do mar revolto,
brasas incandescentes de carvão.
Se assim não for, deixa de ter sentido
todo e qualquer poema em verso solto
ou a meras palavras... reduzido!
João de Castro Nunes