O Relógio
Relógio, meu amigo, és a Vida em Segundos...
Consulto-te: um segundo! E quem sabe se agora,
Como eu próprio, a pensar, pensará doutros mundos
Alma que filosofa e investiga e labora?
Há a morte de ceifar somas de moribundos.
O relógio trabalha... E um sorri e outro chora,
Nas cavernas, no mar ou nos antros profundos
Ou no abismo que assombra e que assusta e apavora...
Relógio, meu amigo, és o meu companheiro,
Que aos vencidos, aos réus, aos párias e ao morfético
Tem posturas de algoz e gestos de coveiro...
Relógio, meu amigo, as blasfêmias e a prece,
Tudo encerra o segundo, insólito - sintético.
A volúpia do beijo e a mágoa que enlouquece.
Jorge de Lima
ResponderEliminarCada segundo que passa
muda tudo de figura:
seja o que for que se faça,
na mesma nada perdura!
JCN