Por todos os caminhos do mundo
A minha poesia é assim como uma vida que vagueia
pelo mundo,
por todos os caminhos do mundo,
desencontrados como os ponteiros de um relógio velho,
que ora tem um mar de espuma, calmo, como o luar
num jardim nocturno,
ora um deserto que o simum veio modificar,
ora a miragem de se estar perto do oásis,
ora os pés cansados, sem forças para além.
Que ninguém me peça esse andar certo de quem sabe
o rumo e a hora de o atingir,
a tranquilidade de quem tem na mão o profetizado
de que a tempestade não lhe abalará o palácio,
a doçura de quem nada tem a regatear,
o clamor dos que nasceram com o sangue a crepitar.
Na minha vida nem sempre a bússola se atrai ao mesmo norte.
Que ninguém me peça nada. Nada.
Deixai-me com o meu dia que nem sempre é dia,
com a minha noite que nem sempre é noite
como a alma quer.
Não sei caminhos de cor.
Fernando Namora
ResponderEliminarPor todos os caminhos onde andei
dentro de portas ou além fronteiras
marcas de mim confesso que deixei
profundas, indeléveis, verdadeiras!
JCN
(continua para soneto)
ResponderEliminarMeus pés feri nos cardos das estradas
quedo meu sangue em borbotões enchi
ora subindo ora descendo escadas
de que não mais por certo me esqueci.
Tenho-as de cor no espírito metidas
para de quando em vez as percorrer
em virtuais viagens repetidas.
Uma odisseia foi minha existência
por becos, azinhagas sem temer
à prova pôr a minha resistência!
João de Castro Nunes