domingo, 3 de novembro de 2013

A arte dos mostradores - reportagem na Artecad - Fora de Série Especial Relógios 2013


A arte dos mostradores - reportagem na Artecad - Fora de Série Especial Relógios 2013

Na ArteCad e na TAG Heuer

Rosto e cérebro do tempo

Fernando Correia de Oliveira, em Tramelan e La Chaux-de-Fonds

Os pilotos Pedro Lamy, Miguel Barbosa e Filipe Albuquerque são embaixadores TAG Heuer em Portugal. Descobriram, numa viagem a uma fábrica de mostradores, o rosto do tempo… sem esquecer o “miolo” que os move.

Há quem diga que, desenhada a caixa, o relógio “está feito”. Outros, pensam que, sem uma bracelete perfeita, a condizer, o relógio pode ficar estragado. E há ainda os que pensam ser o mostrador o verdadeiro centro de tudo, que sem o seu equilíbrio formal, tudo o resto se desmorona.

Talvez a verdade esteja, afinal, na arte de saber encaixar no puzzle pulseira, caixa e mostrador. Convém é não esquecer, convenhamos, o miolo – o calibre que faz com que um relógio seja… um relógio.

Os pilotos portugueses Pedro Lamy, Miguel Barbosa e Filipe Albuquerque tiveram recentemente ocasião de apreciar o estado da arte tanto “por fora” como “por dentro” do tempo. Eles estiveram na fábrica de mostradores ArteCad e na TAG Heuer, na Suíça.

A ArteCad, uma das três maiores empresas suíças especializadas em mostradores, foi adquirida em Novembro de 2011 pelo grupo LVMH - Moët Hennessy Louis Vuitton. Produz cerca de 400 mil mostradores por ano e a TAG Heuer é, de longe, o seu principal cliente. A TAG Heuer faz igualmente parte do universo LVMH, bem como a Zenith, a Hublot, a Bvlgari ou a Dior e a ArteCad faz mostradores para todos eles. Mas não só. O que é de admirar é que marcas exteriores ao grupo, muitas delas concorrentes directas, também reconheçam na ArteCad a mestria para que lhe encomendem os seus mostradores.

Fundada em 1885, a empresa tinha 40 trabalhadores antes da aquisição pelo LVMH e conta hoje com 220. Entre eles, muitos portugueses. O anfitrião da visita dos pilotos foi Orlando Loureiro, filho do primeiro português a instalar-se na região de Tramelan, onde está a ArteCad. Engenheiro mecânico, é Chefe de Projecto na empresa.

Altamente especializada, a ArteCad (Cad de “cadran”, mostrador em francês), possui o estado da arte no que respeita à fileira industrial na concepção e montagem de mostradores, tendo também um departamento de protótipos. No mesmo tecto, agrupa cerca de 20 especialidades diferentes, desde a programação 3D à electrólise, passando pela estampagem, polimento, galvanoplastia, pintura, decalque, cravação ou aplicação de materiais como o superluminova. O seu departamento de pesquisa e desenvolvimento procura constantemente novos materiais, que possam ser aplicados nos mostradores ou no seu desenho. Para os relógios-jóia, e para as pequenas séries, a empresa criou uma linha de produção autónoma.

Um mostrador inclui até 120 operações diferentes. "A nossa produção tem que estar impecável, a 30 cm, e a olho nu, são essas as regras do sector", explica Orando Loureiro. "Isto porque, com lupa, e a olhar dois minutos para um mostrador, há sempre quem encontre uma pequena imperfeição...", admite, divertido.

Orlando Loureiro explica que os mostradores em madrepérola são dos mais difíceis de fazer. Há cada vez mais dificuldade em encontrar conchas com a cor âmbar uniforme (a poluição, o aquecimento global, dizem, serão os causadores) e o material é frágil, havendo muito desperdício. O preço da matéria-prima também tem aumentado muito nos últimos anos.

Apercebido o mundo de um fabricante de “rostos do tempo”, foi altura de saber um pouco mais sobre o interior de um relógio. De Tramelan, nas montanhas do Jura, foi a descida até La Chaux-de-Fonds, onde está instalada a TAG Heuer. Aí, os pilotos tomaram contacto com um departamento de produção relativamente novo – dedicado em exclusividade à montagem do calibre 1887, cronógrafo automático totalmente desenvolvido in house.

Na secção dirigida unicamente à montagem do Calibre 1887, as peças vão sendo distribuídas pelas bancadas dos relojoeiros, através de um sistema de passadeira, computorizado, semelhante a um sushi bar… Este método foi inovador na indústria e implicou um investimento considerável, mas o aumento da produção e da qualidade têm provado que valeu a pena.

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