sábado, 26 de outubro de 2013
Revolução na indústria relojoeira suíça - Swatch Group deixa de ser obrigado a fornecer calibres a terceiros a partir de 2020
O Swatch Group, o maior do mundo em termos de relojoaria, recebeu finalmente autorização das autoridades federais suíças para começar a diminuir gradualmente o fornecimento de calibres e componentes aos seus rivais.
No final desta semana, a Comissão Suíça para a Concorrência (Comco) reverteu uma decisão tomada em Julho passado e onde bloqueava os planos do Swatch Group de deixar de fornecer a empresas fora do seu universo. A luz verde do Comco encerra uma saga de 12 anos, iniciada em 2001, quando o Swatch Group disse que queria deixar de fornecer movimentos não montados a outras empresas. Este anúncio provocou ondas de choque através da indústria, dado que o grupo funciona em monopólio em zonas estratégicas para a relojoaria, como sejam as espirais.
Definitivamente, nos próximos dois anos, o Swatch Group fornecerá apenas 75 por cento de calibres e componentes aos seus rivais, baseando-se num nível médio do que forneceu entre 2009 e 2011. Os fornecimentos baixarão para 65 por cento nos anos 2016 e 2017 e para 55 por cento nos dois anos seguintes.
A partir de 31 de Dezembro de 2019, deixará de estar obrigado a fornecer a partes terceiras.
O Swatch Group tem no seu universo a Nivarox, que funciona quase sozinha no fornecimento de espirais para toda a indústria relojoeira helvética. Tem também a ETA, a grande unidade de produção industrial de calibres e componentes, que abastece maioritariamente o sector (calcula-se que em 70 por cento).
Com esta decisão, O Comco está a dar mais alguns anos aos grupos concorrentes (LVMH, Richemont, Kering) para prosseguir no investimento em unidades de produção de calibres, coisa que eles têm feito principalmente na última década, prevendo este desfecho.
O grande problema põe-se em relação a marcas independentes, que não têm massa crítica (nem dinheiro) para justificar o investimento sempre avultado em fábricas de calibres.
Mas a questão mais séria é a das espirais. A técnica está mais ou menos dominada, mas a produção só é rentável quando se está a falar de milhões de unidades. E há muito poucas excepções ao monopólio da Nivarox (Rolex, A. Lange & Söhne, Roger Dubuis, Minerva e pouco mais).
De qualquer modo, unidades de produção independentes de calibres, como Sellita, Dubois Depraz, Vaucher ou Soprod têm crescido exponencialmente nos últimos cinco anos e deverão crescer ainda mais nos próximos, dada a procura. Mas, neste momento, a maior parte dos seus calibres são feitos com base ETA, que modificam ou a que acrescentam módulos, e sempre com espirais Nivarox.
Com a questão das espirais a ser a mais difícil de resolver, os concorrentes do Swatch Group têm agora seis anos para se adaptar. A 1 de Janeiro de 2020 a torneira deverá estar fechada...
Lido no Swissinfo:
In July, Comco had vetoed the plan on the grounds that other Swiss watch companies, some of whom do not have the capacity to make their own parts, would suffer.
But the Commission reversed its decision after agreeing a plan with Swatch that would cushion the blow for smaller watch makers in the case of them suffering extreme hardship. Comco also stated that it could reassess its decision if market conditions deteriorate dramatically.
Risk and reward
Swatch needed Comco’s approval as it controls around 60% of the domestic market of watch movements.
While welcoming the decision, Swatch Group chief executive Nicolas Hayek complained that rivals had themselves to blame for relying too long on ETA’s production line rather than investing in their own innovation and technology.
“They are not taking risks, they are leaving the risks with us,” Hayek told the Wall Street Journal. “For 30 years we have had this disadvantage.” Swatch will now be able to divert more of its research and development budget into other areas.
Swatch, created by the now deceased Nicolas G Hayek, was credited with saving the fabled Swiss watch industry in the 1980s with its no-frills, colourful plastic brand that swiftly became a must-have fashion accessory.
The Swiss watch industry has since grown again into being one of the most successful pillars of the Swiss economy, and is the third most successful exporter behind the pharmaceutical and machine building industries.
The watch industry’s exports are worth around CHF20 billion ($22 billion) annually. The Swatch Group delivered record sales of more than CHF8 billion in 2012.
Sem comentários:
Enviar um comentário