segunda-feira, 23 de setembro de 2013

António Ramos Rosa (1924-2013) - Para um amigo tenho sempre um relógio...


(foto Infopédia)

Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.

António Ramos Rosa, in Viagem Através duma Nebulosa (1960)

2 comentários:

  1. Em homenagem a Ramos Rosa e sob a sua inspiração:

    Para um amigo tenho sempre um verso
    composto ao som de um velho violino
    que reproduz as vozes do universo
    e tem o aroma e o gosto a vinho fino!

    JCN

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  2. Continua para soneto:

    Tenho para um amigo na carteira
    um pequeno poema manuscrito
    de incomparável nível ou craveira,
    ou seja, de elevado gabarito.

    Para um amigo tenho sempre à mão
    um soneto, uma quadra, uma obra de arte,
    para à mostra lhe pôr meu coração.

    Assim passo meus dias escrevendo
    para um amigo tudo quanto entendo
    ser grato receber da minha parte!

    João de Castro Nunes

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