(foto Infopédia)
Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.
António Ramos Rosa, in Viagem Através duma Nebulosa (1960)
Em homenagem a Ramos Rosa e sob a sua inspiração:
ResponderEliminarPara um amigo tenho sempre um verso
composto ao som de um velho violino
que reproduz as vozes do universo
e tem o aroma e o gosto a vinho fino!
JCN
Continua para soneto:
ResponderEliminarTenho para um amigo na carteira
um pequeno poema manuscrito
de incomparável nível ou craveira,
ou seja, de elevado gabarito.
Para um amigo tenho sempre à mão
um soneto, uma quadra, uma obra de arte,
para à mostra lhe pôr meu coração.
Assim passo meus dias escrevendo
para um amigo tudo quanto entendo
ser grato receber da minha parte!
João de Castro Nunes