domingo, 23 de junho de 2013

A UNESCO, Coimbra, a Universidade, a Torre do Relógio e a "Cabra"

 

A Universidade de Coimbra acaba de ser classificada pela UNESCO como Património da Humanidade. Com isso, consagra-se também um dos marcadores de tempo colectivo nacional mais marcantes - a Torre do Relógio (Torre da Alcáçova) e o seu sino, a "Cabra".

Aproveitando a ocasião, Estação Cronográfica recupera aqui alguma da iconografia que mantém em arquivo e recorda textos alusivos a tão carismático marcador de tempo.

Os primeiros registos referem que, em 1545, o Reitor encomendou ao serralheiro relojoeiro Pêro Francisco  um relógio para a torre, mas esta já deveria anteriormente ter tido relógio.

Todavia, o primeiro relógio que deu horas “lectivas” em Coimbra veio de Lisboa para Santa Cruz, certamente importado. Este relógio, encomendado por D.Manuel I no estrangeiro, esteve três anos em Cascais à espera de seguir para Coimbra.

Gregório Lourenço, vedor das obras do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, dirige, em Março de 1522, uma carta a D.João III dando-lhe conta da encomenda que seu pai D.Manuel I tinha feito – um relógio para o Mosteiro, e lamentando o facto de ele “há três anos estar em Cascais sem ter seguido para Coimbra.

Terá sido, pois, este relógio o primeiro a medir o tempo de aulas – uma hora por disciplina como hoje – aos novos estudantes e mestres da Universidade, definitivamente instalada naquela cidade. Mas fê-lo durante pouco tempo já que os docentes responsáveis, agora ocupando novas instalações, em 9 de Maio de 1537 pediram ao rei a transferência do relógio de Lisboa para Coimbra, pedido renovado em Outubro do mesmo ano “porquamto nã podia aver boa ordem sem relógio”.

E em Dezembro de 1539 lá foi o relógio rumo a Coimbra, indicando antecipadamente o rei onde queria que o assentassem: “e quãto ao relógio ey por bem que se corega como dizes e poer se há sobre a porta da emtrada do terreiro dos paços por ser lugar mais conveniente para isso que outro algum & emcaregares hum homem de ho temperar & coreger”.

Este relógio e sino, sem mostrador, foram instalados por dentro da porta da entrada do Paço e para o temperar e corrigir temos notícia somente de 1596 de Francisco Ferreira. Mas a fidelidade horária desta máquina não durou muito e terá deixado a comunidade escolar sem a medida do tempo com o rigor que se impunha. Disso ter-se-ão aproveitado alguns lentes para deixarem de cumprir com rigor as suas obrigações, ocasionando um mau funcionamento da vida escolar.

Frei Diogo de Murça, o Reitor, encomendou um novo relógio ao tal serralheiro-relojoeiro Pêro Francisco e em 19 de Janeiro de 1545 “avaliava-se (…) o que valia hum relógio (novo) que o sôr Reitor tinha mandado fazer a p.o fr.co (Pêro Francisco) outro sy serralheiro”. Estamos perante o primeiro relógio português feito para uma instituição civil de que conhecemos o nome do seu fabricante. Os mais primitivos relógios portugueses cujos nomes dos autores chegaram até nós destinaram-se a igrejas ou conventos. Dessa máquina de Pêro Francisco não há rasto.

Batia as horas e meias horas num sino feito no Espinhal (Penela). Não foi instalado no lugar do antecedente mas mais próximo do recinto escolar, a fim de melhor regular a actividade lectiva. Não ficou muito tempo neste lugar, já que em 1561 foi mandado fazer a João de Ruão um projecto para uma torre que iria ter uma sala destinada ao relógio, ao sino e teria, para o exterior, um mostrador com um só ponteiro desenhado pela Universidade, o que era uma novidade. A maior parte dos relógios das torres não tinham mostradores exteriores e o ponteiro dos minutos só apareceu por volta de 1780.

D. João III morre a 11 de Junho de 1557, sucedendo-lhe o neto, D. Sebastião, já que lhe tinham morrido os filhos todos. Nesse ano, nos gastos da Coroa efectuados no município de Coimbra registam-se 150 réis, pagos ao sineiro da Sé, pelos “sinais que fez no saimento” e outros 150 réis, pagos a António Fernandes, “o que concerta o relógio, de tanger no saimento”. Já em pleno reinado de D. Sebastião, em 1568, ainda em Coimbra, registam-se despesas da Coroa, pagando-se 500 réis a António Fernandes, “relojoeiro da Sé”, e 4.500 réis a Tomé Fernandes, “que tange o sino de correr”. Nessa época, de Inverno o sino tocava na cidade durante uma hora, “inteiramente”, das 08 às 09; no Verão, das 09 às 10. Eram as horas de recolher a casa e, portanto, horas da noite. A António Fernandes, o tal relojoeiro da Sé, dava-lhe o bispo mais 500 réis e o cabido outro tanto. O relógio da Sé era o relógio oficial da cidade; por ele todos se governavam. O da Universidade estava, por tradição, atrasado um tanto, para permitir que professores e alunos chegassem a tempo, costume que vem a dar o quarto de hora de tolerância. Ainda hoje se faz apelo, em Coimbra, ao "quarto de hora académico".
A torre de João de Ruão manteve o relógio até à construção da actual torre, da responsabilidade do arquitecto António Canevari, acabada em 1733. Alguns dos relojoeiros que a Universidade teve para tratar do relógio: Francisco Ferreira (1603); Francisco Moniz Pertinaz (1643-53); João Monteiro (1669-1721); Fernando Estêvão (1708); André Salgado (1722); António da Fonseca (1722-35). Há notícia de que todos estes relojoeiros fizeram a manutenção e alguns até, porventura, a reparação da máquina de Pêro Francisco. Certo é que o relógio que equipou a nova torre com 4 mostradores foi o que, apeado da antiga torre foi entregue a Veríssimo da Veiga para reparação, por escritura de 22 de Janeiro de 1729.


O Tribuna Popular, de Abril de 1867 (arquivo Fernando Correia de Oliveira)

Esta máquina, restaurada por Veiga, trabalhou 130 anos. Até chegar o relógio francês, máquina em extensão, de grande precisão, de Borrel-Wagner, em 1867, que se manteve até há poucos anos, quando foi substituído por um sistema electrónico.


A máquina Borrel-Wagner


De Trindade Coelho, e do seu In Illo Tempore, de 1902, recordamos aqui o texto que ele dedicou à "Cabra", o sino da Torre.

A «CABRA»!

No tempo em que eu andava em Coimbra, inda a proeza dos que roubaram uma noite o badalo à «Cabra» era por lá muito falada! Eu até morei na casa onde o badalo esteve escondido, e era, e ainda é, a chamada «Casa da ilha» – uma casota isolada, na confluência das Ruas da Trindade e dos Militares, e onde morou também Tomás Ribeiro. Por sinal que na janela do meu quarto, que dava para as escadinhas, ainda lá estava a canivete o nome do autor do D. Jaime – e o meu lá ficou também. Ora, dos mil sinos que há em Coimbra, não conheceríamos nós o som de nenhum; mas o da «Cabra», que, nas vésperas de aula às seis da tarde e nos dias de aula às sete da manhã, se alastrava sobre Coimbra e diziam que se ouvia em Tentúgal, não havia ninguém que o não conhecesse! Novato que chegava a Coimbra, antes de se matricular já conhecia a «Cabra» – porque ou lha mostravam cá de baixo, apontando para a torre da Universidade, ou então, quando soavam os «quartos» onde ela entrava em coro com os outros sinos, ensinavam-lhe logo a conhecer-lhe a voz:

– Ouves? É aquela!

Um dos outros sinos, que tocava por alto em dias de capelo, era o «Cabra»; mas esse, coitado, não tem lenda, nem os outros – porque lenda só a tem a «Cabra»! A gente, mesmo depois de formado, ouve a «Cabra» – e eu ainda a ouço até a dormir; mas, como tudo em Coimbra é original, in rebus Universitatis principalmente, o som da «Cabra» não se parecia com outro, e, ainda que quisesse compará-lo, não tinha com quê! Berregava o sino como berregam as cabras? Talvez! E como as cabras berregam mais quando chamam plos filhos, e ela berregava a chamar por nós, a quem a Universidade apelida de seus filhos – dilectissimi filii –, o nome, com ser uma alcunha, era bem posto, como todas as alcunhas que põem os rapazes! Está claro que sendo a «Cabra» que nos lembrava as lições, e nos dizia à noite que nos recolhêssemos, e de manhã cedo que nos levantássemos, a «Cabra» era odiada; mas ódios de rapazes são fogachos, e a boa da «Cabra» ria-se deles – e nós mesmos, afinal, quando às vezes ela nos dava um feriado, queríamos-lhe como se fosse avó de nós todos! Mas, outras vezes, pregava-nos também a sua pirraça; e nunca me há-de esquecer que, um dia, esperando nós um feriado e contando com ele como coisa certa, pusemo-nos todos, à noitinha, de ouvido à coca das seis horas, a ver se a «Cabra» tocava...

Começou o relógio a bater as horas; e deu uma... e deu duas... e deu seis... – e não tocou! Foi um berreiro que atordoou Coimbra

– «Hurra! Feriado geral amanhã! Hurra!» –, e eu, duma janela da Rua das Covas, onde era a redacção da Porta Férrea, lembro-me que tais vivas dei à Cristina que me foram à rua as pobres lunetas, e por um triz que não vou atrás delas! Mas vai senão quando, e inda as lunetas iam no ar, eis que o demónio da «Cabra» começa de lá: Dlen, dlen! Dlen, dlen! Ouviu-as duras dessa vez, a «Cabra!» E esse malvado que era o cabreiro, um feiarrão natural de Moncorvo, oito dias não saiu à rua – ameaçado de tareia mortal!


O António Maria, Maio de 1892 (arquivo Fernando Correia de Oliveira)

Já se vê por aqui o que era a «Cabra!» No meio dum pagode de estalo; duma cavaqueira amena; dum colóquio com alguma tricana na estrada da Beira, ou no Choupal, se a coisa ia a mais – ela lá vinha, o demónio, às seis em ponto, a enxotar para casa a rapaziada! Alguns não faziam caso dela, já no meu tempo, e deixavam-na badalar como se fosse no vácuo; mas a maioria, ainda assim, os ursos principalmente, recolhia-se logo; e aceso à banca de pinho o candeeiro clássico de latão amarelo, de três bicos, acabada a trova da «Cabra», começavam as tristes (assim chamadas as horas de estudo), que iam às vezes por essa noite fora! De manhã, às sete, a maior parte nem ouvia a «Cabra»; ou, se a ouvia algum que tinha o sono mais leve, esse rogavalhe logo a sua praga, e, voltando-se para o outro lado, continuava a dormir, porque as aulas eram só às dez, com um quarto de espera – dez e um quarto.

Vamos lá então à história do roubo do badalo. Os motivos é escusado dizê-los: roubar o badalo à «Cabra» era mais do que deixar sem voz a Universidade – era arrancar a língua ao Inimigo! Foi pois o caso que três estudantes de Direito, todos eles pândegos de truz e valentões como os que o são, assentaram um dia em arranjar um feriado. – Como? No meu tempo, as aulas de Direito começavam todas às dez e um quarto e acabavam à uma hora da tarde. Da uma às três passeava-se, em geral, pelo Jardim Botânico e pelos arrabaldes; às três, geralmente, Jantavase; e depois de jantar ia-se para a Baixa, até à noitinha.

Nas quintas-feiras não havia aulas na Faculdade de Direito, salvo nas semanas machas, isto é, que metiam pelo meio algum dia santo ou algum dia de feriado oficial Há anos para cá, os cursos de Direito têm aumentado desmesuradamente, e as aulas acabam às três horas porque os cursos estão desdobrados em turmas; e uma vez que o relógio da torre se esqueceu de bater as horas, e eram já três e um quarto e o bedel não abria a porta, passou pelas bancadas esta circular:

Saibam todas estas gentes
Dentro das quais eu me acho
Que o relógio está borracho,
Ou anda feito com os lentes...


Imagemdo início do século XX

Já são quase quatro horas, E o grande malandro – nentes! – Rouba-se o badalo à «Cabra!» Qual deles foi o da lembrança, não sei; mas logo que lhes eu diga os nomes fica-se sabendo que qualquer deles era capaz da lembrança – e qualquer deles, sozinho, de a executar! Os três, juntos, seriam até capazes de mudar a torre, quanto mais o badalo da «Cabra»; e foram eles mesmos que doutra vez escalaram o muro dos Arcos do Jardim, que lembram os Arcos das Aguas Livres, e tiraram as setas ao S. Sebastião que lá estava em cima no seu nicho, alumiado por um lampião, deixando-lhe aos pés este letreiro: «Basta de tanto sofrer!» Ora mas a empresa de roubar o badalo à «Cabra» não era tão fácil como pode parecer!

A Porta Férrea fechava-se cedo; e fechada em baixo, à mesma hora, a Porta de Minerva, é de saber que a Universidade ficava mais segura que um castelo feudal, depois de subidas as pontes levadiças! Além disso, ainda havia a porta da torre, também fechada à chave – e mesmo ao pé da torre era a morada do guarda-mor, e muito Ademais, afora os perigos inerentes à empresa, havia a Só os expedientes para arranjar feriados davam um livro! No meu tempo, por exemplo, o António Lagoaça, actualmente conde de Lagoaça e par do Reino, chegou a aparafusar de noite um barrote na porta do José Brás; e quando de manhã o lente quis sair de casa para iar almoçar ao Serra, e do Serra para a Universidade, onde regia esse ano Direito Comercial, viuse entaipado, porque dormia em casa sozinho, e quando deu pela partida era já tarde!

Este Zé Brás, que era um grande filósofo, vi-o eu de guarda-sol aberto, numa noite de luar, a passear na Feira dos Estudantes; e outra vez montado num burro, também de noite, detrás de uma trupe que andava aos caloiros! Aquele Lagoaça foi o mesmo que uma vez, na aula, atirou pelo ar com uma bota de um condiscípulo, que foi cair mesmo ao pé do lente – e como o lente chamasse o bedel para que o bedel levasse a bota, preparando-se para ver à saída qual dos rapazes ia descalço dum pé, o que ele viu foi o curso todo só com uma bota, porque a outra ia escondida debaixo da capa! contar com os archeiros e verdeais, que ainda a esse tempo faziam rondas nocturnas pelo Bairro Alto – e sobretudo, é claro, com o rigor inquisitorial do Conselho de Decanos, que, se lhes desse com a malhoada, não deixaria de condenar os três a alguns meses de paternal custódia e à perda do ano, se os não expulsasse da Universidade por toda a vida!


Capa de disco de Luiz Goes, anos 60

Mas, enfim, audaces fortuna juvat! E uma bela noite eis os nossos heróis a escalarem a muralha perto da Porta de Minerva, mais ágeis do que três macacos! Uma vez lá dentro – chave na fechadura da torre (uma chave falsa que eles tinham arranjado num ferro-velho e que servia que nem de encomenda!) – e mesmo às escuras, toca a subir esse caracol estreito, que parece que não tem fim! Subiram; lá cima, com todo o panorama de Coimbra, à roda, extasiado debaixo do luar, foram-se aos vergalhos da «Cabra» e serraram-nos; serrados, apagaram com mil cuidados todos os vestígios da empresa (mas não tão cautelosamente que não ficasse na torre o lenço dum, que foi depois o começo do corpo de delito quando se procurou descobrir os heróis) – e, apossados enfim do pesado badalo, desceram com o trambolho pelo mesmo caminho... e sumiram-se! Era uma vez o badalo da «cabra!»

Ora a façanha ficou anónima durante muito tempo; mas, hoje, não há razão para lhe não dizer os autores, que, além dum Adolfo Paiva Pereira Capon, que morreu em Paris há muitos anos, foram estes dois, ainda hoje vivos, e que o sejam por muitos anos.

O archeiro é o polícia da Universidade e tem uma farda muito vistosa! Compenetrado do espírito catedrático, ele mesmo supõe-se um figurão; e perguntando-se uma vez ao Stópido (um archeiro que tinha esta alcunha) o que vinha a ser isso de archeiro, respondeu muito empertigado: – Archeiro é como quem diz: mais que estudante e menos que tente. Foi então que lhe replicou um colega:

– Ora não seja estópido! Queria dizer estúpido – e foi dai que lhe veio a alcunha! muitos anos e bons: Eduardo Segurado, bacharel formado em Direito, exdelegado do procurador régio, ex-juiz de Direito, ex-secretáriogeral em Lisboa, ex-governador civil de Lisboa, conselheiro – e actualmente juiz do Supremo Tribunal Administrativo; e Eduardo Montufar Barreiros, bacharel, formado em Direito, filho do visconde da Luz (ex-ministro das Obras Públicas, que ordenou o alargamento da antiga Rua de Coruche, hoje do Visconde da Luz) – e actualmente secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros e par do Reino!


Postal ilustrado, anos 70

Com tão linda fama atrás dela, a «Cabra» mereceu em todos os tempos as honras da poesia, quase sempre, valha a verdade, epigramática; e nunca me hão-de esquecer (vá para fechar!) esses famosos versos do Alfredo da Cunha, que foi meu condiscípulo e é hoje o director do Diário de Notícias, versos que são uma paródia tão fiel da Partida, de Soares de Passos, que as próprias rimas, em grande parte, são as mesmas!

Cá estão eles:

Adeusinho! Acabaram-se os dias
Em que, ó Cabra!, te ouvi desditoso.
Soa a hora feliz, grande gozo
E poder-te ao demónio mandar!
Que horrorosos, que longos que foram
Estes anos de funda amargura,
E quão cheios de alegre ventura
Nós os vamos agora passar!
Do Mondego estas margens virentes
Despirão os seus magos encantos,
Vão cobrir-se de gélidos mantos,
Pois de nós já não volta ninguém.
E mais frio e glacial que um gelado,
Tudo fica a chorar e berrando;
E nos campos o verde secando,
Chorarão os jumentos também!
Mas se a gente, por negro destino,
Sim, se a gente inda um dia cá volta
(Pois quem sabe onde a vida revolta
Levará juvenis bacharéis?!)
Nós fazemos, ó Cabra, hoje aqui
Juramento tremendo e funesto
D’arrancar-te o badalo, e o resto
Atirá-lo a ignotos parcéis!
Mas, ah! longe esta ideia sombria!
Longe a volta, o cruel desalento!
Após dias de tanto tormento,
Virão dias mais belos decerto;
Hei-de ouvir-te inda uns tempos berrar:
Mas que a alma esta esp’rança alimente
De que o dobre funéreo e plangente
De deixar de o sentir estou perto!
Pois se nós, por desgraça, voltarmos,
E se acaso ela tem inda vida,
Podem crer que não fica esquecida,
Dormirá um eterno dormir!
E também, se por cá te lembrar
Que há bons paus de marmelo e sobreiro
Não te esqueças, malvado «Cabreiro»,
Deste adeus que vos disse ao partir.
Foi uma excomunhão! A «Cabras» morreu!
Físicos chamados para a consertar, nenhum lhe deu vida!
Para as grandes dores, o latim e os grandes silêncios;
Requiescat in pace!

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