sábado, 22 de junho de 2013

A Força das Coisas - Tempo em debate, com Carlos Fiolhais e João Lobo Antunes


O Pavilhão do Conhecimento - Ciência Viva organizou entre as 18h00 de ontem e as 18h00 de hoje a iniciativa multi-disciplinar As 24 Horas do Tempo. Luís Caetano, de A Força das Coisas, da Antena 2, realizou ao vivo, a partir do pavilhão, a habitual sessão de sábado do seu espaço radiofónico.

Num painel onde estiveram também os Professores Carlos Fiolhais e João Lobo AntunesEstação Cronográfica debateu com eles o Tempo, em toda a sua multidisciplinaridade.

Carlos Fiolhais defendeu uma linha optimista, positivista, de encarar o Tempo - "Em Ciência, sabemos mais hoje do que sabíamos ontem, e amanhã, o mais provável é que saibamos mais do que hoje. Tem sido sempre assim e não há razão para pensar que vai deixar de ser", disse. O físico teórico fez questão de sublinhar: "Não gosto de dizer que não tenho tempo. Quero e tenho tempo para as coisas que acho fundamentais, não para as coisas que não quero fazer. O tempo é escasso, e é o que fazemos dele". Em dia de aprovação pela UNESCO da Universidade de Coimbra como Património da Humanidade, Carlos Fiolhais recordou a Biblioteca Joanina, oferecida por D. João V. "Uma autêntica máquina do tempo. Quem quiser viajar até ao século XVIII, pode fazê-lo, visitando-a. É uma cápsula onde nada mudou, tudo está como quando foi inaugurada". E acrescentou: "Tempo é também isso, Memória".

Já João Lobo Antunes, que encerrou as 24 Horas do Tempo com a comunicação O Fim do Tempo, salientou que a Eternidade esá ao alcance da Humanidade, através do Espírito, que perdura para além da morte de cada um. "Passei a minha vida ao serviço da profissão que escolhi, dei-lhe o melhor que tinha - uma parte herdada, geneticamente; a outra, adquirida por formação. Fiz recentemente um breve exame desse percurso e cheguei à conclusão de que posso partir...". O neurocurgião referiu ainda que gosta de pessoas que estão sempre a dizer que não têm tempo. "São essas que prefiro para meus colaboradores". Mas não gosta que alguém o aborde e lhe pergunte: "Posso roubar-lhe um minuto?". Aí, reage, dizendo que o seu tempo "ou é dado ou vendido, mas roubado, nunca". E recordou os tempos de estudante universitário,  cadenciado pelo relógio da Igreja de Benfica, "que batia todos os quartos de hora, enquanto eu ia lendo os livros, escrevendo apontamentos". Um ritmo de que nunca mais de libertou - confessa. "Mesmo ao fim-de-semana, só começo a descontrarir depois das sete da tarde, como quando o relógio da Igreja de Benfica as dava e eu terminava o estudo para esse dia. Sou um escravo do tempo".

Quanto a nós, ladeados que fomos por tais pilares de Sabedoria, limitámo-nos a "vender o peixe" habitual - o Homem terá começado a ter noção do Tempo, observando os ciclos da Terra, da Lua e do Sol; terá passado a interiorizar um tempo cíclico de uma forma mais clara quando saltou de nómada a sedentário e iniciou a prática agrícola. Terá feito os primeiros calendários há mais de 6 mil anos, com os alinhamentos megalíticos chamados cromeleques. E sublinhou a relação doentia que os portugueses têm com o tempo, desperdiçando-o a mair parte das vezes, tendo níveis de produtividade muito baixos, não respeitando horários, deixando as coisas para a última da hora. "Em Portugal, quem é pontual perde imenso tempo", recordou. E salientou o desprezo que o colectivo luso tem pelo seu património relojoeiro (muito dele vindo do tempo de D. João V).

Oiça tudo, aqui.

3 comentários:


  1. Andamos todos atrás
    do que seja a eternidade
    sem que alguém seja capaz
    de registar sua idade!

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  2. Somos todos um pedaço
    dessa tal eternidade
    de cuja integralidade
    apenas sonos um traço!

    JCN

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  3. Mais do que a sabedoria
    ou que a própria santidade
    talvez seja a poesia
    o padrão da eternidade!

    JCN

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