quinta-feira, 21 de março de 2013

Louis Moinet, inventor do cronógrafo?


E, inesperadamente... parece haver um novo "pai" para o primeiro cronógrafo: o relojoeiro francês Louis Moinet terá feito em 1816 o primeiro instrumento de medição de tempos intermédios. A tese foi hoje apresentada em Neuchâtel por Jean-Marie Schaller, CEO dos Ateliers Louis Moinet, que a apoia no parecer de dois especialistas. Até agora, era dado assente para a História da Relojoaria que tinha sido Nicolas Mathieu Rieussec, em 1822, a apresentar o primeiro cronógrafo (o nome advém de os tempos intermédios serem registados em discos de papel, através de aparos e tinta), usado para cronometrar corridas de cavalos.



A recente descoberta de um relógio de bolso, da autoria de Louis Moinet, parece assim alterar um capítulo crucial na batalha pela medição do tempo. O relojoeiro chamou-lhe “compteur de tierces.” A peça terá começado a ser construída em 1815 e ficado pronta no ano seguinte.

O relógio mede sexagésimos de segundo (fracção de tempo conhecida nessa época em francês como tierce) indicados por um ponteiro central. O tempo intermédio em segundos e minutos é registado em sub-mostradores separados e as horas num mostrador de 24 horas.

As funções de arranque, paragem e reposição a zeros para o ponteiro central são controladas por dois botões, o que, para todos os efeitos, faz com este relógio seja um cronógrafo no sentido moderno do tempo. A reposição a zeros era uma função revolucionária naqueles tempos. Até hoje, ela tinha sido atribuída a Adolphe Nicole, cuja patente data de 1862.



No século XIX, os relojoeiros procuravam aumentar a precisão das suas peças, aumentando a frequência dos calibres. Por volta de 1820, o limite geralmente aceite era o décimo de segundo.

O compteur de tierces de Moinet foi assim, de longe, o mais preciso instrumento do seu tempo, medindo tempos seis vezes mais precisos que a norma de então. A divisão do tempo em sexagésimos de segundo é outro feito histórico, agora redescoberto.

O balanço do cronógrafo de Moinet bate a 216 mil vibrações por hora, para uma frequência inimaginável na altura - 30Hz. E fazendo 60 vibrações por segundo...

O relógio de Moinet foi feito para observações astronómicas no mar, especialmente para ajudar na medição dos chamados instrumentos de passagem. Numa carta escrita em 1823, escreveu: “Vim para Paris em 1815 com o único propósito de conceber e fabricar um compteur de tierces. Apesar de todas as dificuldades, consegui o meu objectivo".

O relógio de Moinet tem autonomia para 24 horas e, para poupar energia, o escape está assente em rubis oleados.

Académico, Louis Moinet não procurou o lucro com as suas invenções, antes partilhou sempre o seu saber com os seus pares e relojoeiros em geral.





Nascido em Bourges, em 1768, Louis Moinet foi uma criança prodígio e desde muito cedo se apaixonoum pela relojoaria, embora também fosse dotado para o desenho. Andou por Itália, onde estudou arquitectura, escultura e pintura. Quando regressou a Paris, foi nomeado Professor da Academia de Belas Artes, no Louvre. Privou com o astrónomo Lalande, com o escultor de bronzes Thomire, com o mágico e fabricante de autómatos Robert-Houdin.

Para além disso, prosseguiu os estudos teóricos sobre relojoaria e, a partir de 1800, essa actividade passou a ocupá-lo por inteiro. Passou largos períodos na região do Jura suíço e no Valée de Joux, contactando os mestres locais, como Jacques-Frédérique Houriet, a quem comprou as ferramentas e instrumentos.

Lous Moinet foi nomeado Presidente da Société Chronométrique de Paris, cujos membros incluíam alguns dos mais geniais relojoeiros de sempre, como Louis Berthoud, Antide Janvier, Louis-Frédéric Perrelet, Joseph Winnerl ou Vulliamy. Finalmente, trabalhou durante muitos anos em conjunto com Abraham-Louis Breguet, considerado como o maior de todos os relojoeiros.

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