[...] O hélio e o chumbo são dois elementos que têm tendência para a desintegração radioactiva do urânio. Num grama de urânio forma-se, depois de um milhão de anos, aproximadamente, 0,0001 de chumbo. Quanto mais o mineral uranífero é velho, tanto mais forte é o seu teor em chumbo. Assim, numa ampulheta, a areia passa da ampola superior para a inferior, à medida que o tempo passa. De forma análoga, a relação entre os teores, de urânio e de chumbo, de um mineral, permite determinar, facilmente, a sua idade exacta. O "relógio de urânio" não conta por milhares mas sim por milhões e milhares de milhões de anos. São necessários, aproximadamente, oito milhões de anos para que num quilo de urânio se forme um grama de chumbo. É apenas ao cabo de dois mil milhões de anos, que um quarto da quantidade de urânio, inicialmente presente, se transforma em chumbo. Daqui a 100 mil milhões de anos quase todo o urânio da Terra terá desaparecido, dando origem a chumbo e a hélio. O "relógio de urânio", cuja infalível regularidade não pode ser comprometida nem pelo homem nem pela Natureza, revelou aos sábios que a idade dos mais velhos minerais da crosta terrestre atinge cerca de 3 mil milhões de anos. Pode concluir-se que a idade da crosta terrestre é, sensivelmente, a mesma e que o globo terrestre não conta menos de 4 a 5 mil milhões de anos.
O "relógio de urânio" mostrou, particularmente, que a formação das rochas de Carélia, as mais antigas à data, remonta a dois mil milhões de anos, que os montes Urais e os montes do Tian Chan surgiram há perto de 200 a 300 milhões de anos, enquanto os Alpes, o Himalaia e a cadeia do Cáucaso são de formação muito mais recente. [...]
Vladimir Mezentsev, in O Mundo dos Isótopos
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