Coitado do Rouxinol!
Passou a noite ao relento,
Do pôr ao nascer do Sol,
Sem descansar um momento,
Sempre a cantar, sem dormir,
Absorto no pensamento
De ver uma Rosa a abrir...
Coitado do Rouxinol!
Passou a noite ao relento,
Do pôr ao nascer do Sol,
Sempre a cantar, sem dormir...
Mas o mísero – coitado!
Cantando tão requebrado,
Com tal cuidado velou,
Que adormeceu de cansado,
E os olhos tristes cerrou
No minuto, no momento
Em que ao luar e ao relento
A Rosa desabrochou...
Coitado do Rouxinol!
Com tal cuidado velou
Do pôr ao nascer do Sol,
E tanto, tanto cantou,
A noite inteira ao relento,
Que de fadiga e tormento,
Sem descansar, sem dormir,
Fecha os olhos, perde o alento
No minuto, no momento
Em que a Rosa vai abrir...
Coitado do Rouxinol!
António Feijó
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