O céu entra como um relógio nas asas da borboleta que agora me abandona. É um Verão com pouco calor, atravessado nos ombros por um frio longo e pastoso, um benéfico sentimento do ar. Ao longe, interior à floração da terra, a mãe protege os braços magros do filho com coisas para dizer, a tarde é branca. Branca. O filho abre os braços magros e abraça-as, mãe e tarde, aguarda junto às sombras da cidade nua, fica a olhar. Sem sinal de amor algum.
Luís Filipe Parrado, Opacidade, in DN Jovem de 26 de Janeiro de 1988
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