segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Na exposição Automates & Merveilles e na manufactura Jaquet Droz


A convite da manufactura de Alta Relojoaria Jaquet Droz, visitámos recentemente a exposição Automates & Merveilles, mostra que se diviu por três pólos suíços - Neuchâtel, La Chaux-de-Fonds e Le Locle. A arte dos Jaquet-Drioz, pai e filho, e do seu colaborador Jean-Frédérique Leschot, traduzida em relógios e autómatos, contextualizada com peças vindas de outras partes do mundo. Um evento dificilmente repetível.

A exposição esteve patente de Junho a Setembro. Para os que a perderam, recomendamos o catálogo, composto por três livros, sobre outros tantos núcleos.


A ideia de se fazer uma exposição surgiu da presença de autómatos construídos por Pierre e Henri-Louis Jaquet-Droz na colecção do Musée d’art et d’histoire de Neuchâtel e do desejo que este último teve de obter maior conhecimento científico acerca destes génios criativos e do mundo dos autómatos feitos de mecanismos de relojoaria.

Assim, e com o apoio da manufactura de Alta Relojoaria Jaquet Droz, o Musée d’art et d’histoire de Neuchâtel, o Musée international d’horlogerie de La Chaux-de-Fonds e o Musée d’horlogerie du Locle-Château des Monts juntaram-se para apresentar alguns dos mais importantes objectos criados por três grandes mestres da relojoaria do século XVIII: Pierre Jaquet-Droz, o seu filho Henri-Louis e o colaborador de ambos, Jean-Frédéric Leschot.

Originários das montanhas do cantão de Neuchâtel, os Jaquet-Droz pai e filho cedo criaram reputação de brilhantes inventores e hábeis homens de negócios. Foram famosos na Europa e um pouco por todo o mundo por produzirem objectos de luxo caracterizados pela pureza e elegância do seu design.

Entre esses objectos encontram-se peças de joalharia com mecanismos miniaturizados, relógios musicais com autómatos, como pássaros cantores ou mesmo andróides, autómatos com forma humana.

Para realçar o génio dos Jaquet-Droz e de Leschot, bem como a sua constante procura de soluções - algo que os liga à mentalidade dos dias de hoje - os três museus decidiram partilhar a sua especialidade e colecções, a fim de montar uma exposição enriquecida por muitas peças excepcionais emprestadas por colecções privadas e públicas.

Quem foram os Jaquet-Droz e Leschot? Como iniciaram o seu negócio?m Como conseguiram conquistar o mundo a partir de La Chaux-de-Fonds até Genebra, Londres e Paris? Que papel desempenhara os autómatos na sua colecção de peças para os mercados de luxo? De uma forma mais geral, como eram usados no século XVIII os autómatos - instrumentos da pesquisa científica e tecnológica, tema da especulação filosófica  para além de meras curiosidades maravilhosas? O que têm os autómatos em comum com os robots de hoje de amanhã?

Outro capítulo tratado na exposição é o da produção de autómatos musicais. Caixas de música, autómatos musicais, realejos, instrumentos musicais automatizados e toda a espécie de maquinaria que propduzisse ruído ou melodia, para espanto dos espectadores.

O aspecto do espanto, do maravilhamento, está presente em toda a exposição. O trio produziu relógios misteriosos, mecanismos de perpétuo movimento e complicações astronómicas, como planetários e relógios indicando complexas noções astronómicas.

Iniciada na segunda metade do século XVIII, a miniaturização de movimentos mecânicos e mjusicais deu origem a toda uma nova indústria. Pierre Jaquet-Droz e o filho Henri-Louis ocuparam uma posição de destaque nesse campo.

A exposição realçou os mestres-relojoeiros que trabalharam para e com os Jaquet-Droz. Ao miniaturizar mecanismos, estes artífices eram capazes de os colocar no interior dos corpos de pássaros cantores, caixas de música minúsculas, ou em cenas animadas de todo o tipo (em relógios, pistolas, gaiolas ou caixas de tabaco).

Mas o mais espectacular terá sido a produção de autómatos humanoides ou de animais. Todas essas peças exigiam decoração, geralmente usando metais preciosos. Toda uma indústria de Métiers d'Art desenvolveu-se à conta desses objectos mecanizados.




Aspecto de um dos andróides, o Escritor









Em cima, gaiola com pássaro cantor. Objecto muito popular nas casas abastadas da Europa ou da China, era pendurado no tecto dos salões de entrada, tendo como fundo relógios. Em baixo, criação moderna de um autómato.


Aproveitando a estadia no cantão de Neuchâtel, visitámos a manufactura Montres Jaquet Droz, em La Chaux-de-Fonds. Desde que se tornou uma subsidiária do Swatchy Group, em 2000, a Jaquet Droz tem procurado perpetuar a história e o know-how do fundador, Pierre Jaquet Droz.

Produto do Século das Luzes, a sua filosofia elegante, cosmopolita, continua a fazer parte do ADN da marca. Muitas das peças patentes na exposição têm servido de inspiração aos mestres relojoeiros e de métiers d'art da Jaquet Droz.

Os modelos Grandes Complicações, como calendários perpétuos, ou Grande Seconde, com ponteiro descentrado dos segundos, são facilmente identificáveis pelos apreciadores. O segredo está em “embrulhar” o que é complexo num invólucro aparentemente simples. Mas as caixas e mos mostradores Jaquet Droz são hinos ao savoir-faire dos Métier d’Art, como a esmaltagem Grande Feu. Essas peças especiais são sempre produzidas em Numerus Clausus (edição limitada) de 8 ou 88 exemplares cada.

Em baixo, algumas imagens da manufactura. Muito do trabalho é feito à mão. Com técnicas que estiveram quase perdidas.




Sem comentários:

Enviar um comentário